ALGUÉM PODE EM AJUDAR E PARA HJ
Soluções para a tarefa
Resposta:
OCriticar a democracia, nos dias atuais, é quase um crime; para muitos, soa como justificativa para um regime ditatorial. Longe disso!
Mas é preciso reconhecer os erros de um regime governamental para corrigi-los e aprimorá-lo.
Como afirmou Winston Churchill, "a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos".
Ora, mas o que pode ser ruim em um regime em que todos têm voz? Justamente o fato de que todos tenham voz, algo que poucos sabem utilizar.
A opinião pública sempre será direcionada por algum interesse, político, ideológico, financeiro ou por movida por uma necessidade ínsita. Tudo aquilo que martela nos meios de comunicação tende a formar um sentimento coletivo, mais ou menos forte, por vezes, imperceptível.
A veia autoritária pulsa em cada um dos indivíduos que, dificilmente, conseguem conviver com grandes diferenças. Não é fácil reconhecer os próprios erros, fazer mea culpa.
Em seu círculo de amizades, pessoas mantêm seus semelhantes. Há uma homogeneidade de pensamentos, ideais, objetivos. Tudo que destoa disso soa mal.
O que não vai de acordo com as convicções do homem médio é comumente etiquetado, seu interlocutor atacado e, geralmente, cala-se.
O ser humano é social, precisa do convívio e, por vezes, da aprovação alheia. E para ser aplaudido é preciso remar no mesmo sentido da maré.
Como no mito da caverna, de Platão, o cego não se importa em estar cego, se tiver consigo outros iguais a ele. O indivíduo médio pode até ouvir a opinião adversa, mas ela não será absorvida, objeto de reflexão, pois o receptor da ideia estará pré-disposto a atacá-la antes mesmo de recebê-la.
A democracia transforma o bom e o mau e o certo e o errado em números. Quanto mais gente concorda com algo, mais correto estará.
Mas o padrão médio é movido com o vento.
O efeito manada gerado pela necessidade de aprovação e pela desinformação (por falta de capacidade cognitiva ou por equívocos gerados pelo transmissor da informação) faz com que a decisão seja muito mais emocional do que racional.
Por isso, pesquisas de opinião mexem tanto com o sentimento popular. O velho pensamento de "voto útil", grande exemplo disso, é comum a cada eleição.
Distanciar-se da opinião da maioria pode ser benéfico sob determinados aspectos: evita que a minoria seja esmagada pelo que pensa a maioria; ademais, o povo nem sempre sabe o que é bom pra si. Só que decidir contra a maioria pode ser tido também como uma arbitrariedade.
Afinal, quem é capaz de dizer com total convicção o que é certo e o que é errado? E a quem conferir tamanho poder?
A democracia então poderia desconsiderar o número e passar a tomar rumos com base no certo e o errado estabelecido por alguém ou alguns? A partir de então, estar-se-á diante não de uma democracia, mas de uma monarquia ou de uma aristocracia (sem adentrar no mérito sobre os benefícios ou malefícios de tais regimes). Talvez pior: de um potencial regime tirânico. Quem pode o mais, pode o menos.
Se a maioria quer algo e a vida em sociedade serve para manter a ordem de uma coletividade a que pertencem os indivíduos; e se é certo que "todo o poder emana do povo", então como preservar uma democracia se a maioria for desconsiderada? Qual o limite para estabelecer em quais pontos a opinião da maioria deve ou não ser limitada?
Aí voltamos ao dilema inicial: a democracia em seu aspecto mais puro (ou deturpado) também não é um paraíso. Em sua forma corrompida (demagogia), projetos impopulares, mas necessários, ficam engavetados, afinal, enxergar a longo prazo é para poucos. O imediatismo é mais visível, concreto e menos passível de crítica pelas multidões.
Quando todos mandam, no fim, ninguém manda. Instaura-se uma anarquia.
Isso não significa que remar contra a maré, pensar diferente de todos será certo. O certo é simplesmente certo, independentemente do número de pessoas que com ele concordam.
É claro que, se o agente é o único a ver um cachorro onde todos veem um poste, é possível que aquele esteja louco (algo que necessariamente deve ser questionado); mas, se há embasamento real, palpável, concreto, pode ser apenas uma perspectiva diferente. E, ainda que todo o resto continue a discordar, seu interlocutor não precisa (não deve) ser atacado.
A democracia precisa amadurecer e entender que a saúde de sua manutenção está na pluralidade. Para isso, é necessário que seus participantes tenham consciência dos erros que esse regime traz consigo