Português, perguntado por jhielice, 11 meses atrás

alguém me explica o conto " a menina dos olhos pardos " por favor

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Respondido por leticiadj
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Tinha dezessete anos a menina dos olhos pardos, e era uma das mais formosas criaturas que este sol fluminense tem alumiado. Algumas pessoas ainda se hão de lembrar do furor que ela causava quando aparecia na rua pelo braço do pai, velho capitão reformado, que tinha a alma tão branca como os bigodes, e o coração tão virgem como a espada. Não o julguem mal; se a espada era virgem, não é por que ele fosse um maricas, mas aconteceu, por uma série de circunstâncias estranhas à sua vontade, que nunca pôde entrar na mais ínfima escaramuça deste mundo. Quando se deu a guerra oriental de 1851,* debalde o homem quis ir combater, os chefes acharam melhor deixá-lo no quartel da saúde.

Eram pobres; o único meio de subsistência que tinham era o meio soldo do capitão, e uma pensão deixada a Helena por sua madrinha. Pobreza honrada e alegre. A tristeza era hóspede rara em casa do capitão; nas poucas vezes em que lá aparecia demorava-se pouco. O capitão era avesso aos importunos. Despedia-os com a rudeza de soldado e a tranqüilidade de filósofo. Não é dado a todos despedir importunos; é mister ter adquirido antes uma reputação de originalidade.

Entre as pessoas que freqüentavam a casa, duas eram da mais perfeita intimidade do capitão: o Leandro X., excelente médico que adquirira uma reputação sólida; e Valentim, seu filho, rapaz de vinte anos, estudante de engenharia.

O Leandro era velho amigo do capitão. Velho amigo, sem que Leandro fosse homem velho; contava 42 anos e bem dispostos. Era um cavalheiro de perfeita educação, boa alma, grande talento, tudo realçado por uma lhaneza de maneiras e uma simplicidade de costumes que agradavam essencialmente ao velho Morais. Apesar da diferença de condição social, Leandro fora sempre o mesmo amigo, qualidade raríssima, e porventura a maior de que se pode um homem enobrecer, porque é preciso uma grande elevação de caráter e de bom senso para resistir às variações da fortuna.

Educado nos mesmos princípios, Valentim seria o mesmo em relação à família do capitão Morais, se, em virtude da liberdade que o pai lhe dava, não votasse a mocidade a outros atrativos que lhe eram mais agradáveis do que a companhia de um velho militar e de uma menina pobre, ainda que bonita. Contudo ia lá muitas vezes.

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