História, perguntado por kkkkkk5536, 9 meses atrás

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Respondido por Gabriel3655
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Nenhum Estado brasileiro apresenta contraste mais brutal entre o seu potencial de desenvolvimento e o crescimento seu efetivo do que o Pará. Seus recursos naturais, sobretudo os minérios, dos quais é o 2º do ranking nacional (abaixo apenas de Minas Gerais), o colocaram entre os cinco maiores exportadores. Mais do que isso: é o segundo a proporcionar mais divisas ao país. Mas está no rabo da fila federativa em matéria de progresso: é o 23º pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), acima apenas dos mais pobres Estados nordestinos, que não dispõem das riquezas existentes nos vastos limites territoriais paraenses.

O modelo econômico imposto ao Pará é o principal responsável por esse paradoxo. Os investimentos – públicos e privados – visam fortalecê-lo como exportador, mas apenas de matérias primas. Nas atividades dinâmicas do setor mineral, que responde por mais de 85% do comércio exterior estadual, o avanço no beneficiamento do produto in natura não vai além da primeira escala. A bauxita estanca no lingote de alumínio. O minério de ferro, na gusa e no aço primário. O efeito multiplicador do investimento, é claro, vai ocorrer no local para onde são mandadas as commodities.

Os paraenses sabem disso. Alguns deles até se empenharam para instalar indústrias em sua terra. Em certos momentos conseguiram arrancar iniciativas nessa direção, mas elas não foram adiante. Da fábrica de cobre que o governador Almir Gabriel imaginou ter extraído da Companhia Vale do Rio Doce, não restou em Marabá nema placa comemorativa, afixada pouco antes da privatização da estatal, que mudou o seu rumo. Sobre essa venda, que, em tese, não aceitava (mas cuja opinião deixou de manifestar), o governador não foi ouvido nem cheirado.

Petistas e tucanos entoaram loas homéricas à aciaria, a Alpa, que a mesma Vale, já como empresa privada, prometeu instalar na mesma Marabá. O terreno foi preparado para receber a usina, a governadora Ana Júlia Carepa foi ao Rio de Janeiro ver como seria a fábrica que a mineradora ia montar no Pará, mas nenhuma estaca foi fincada até agora. Nem será, ao que parece.

Os comandantes dessas plataformas de exportação de riquezas naturais não respeitam mais as lideranças paraenses. Respeitaram-na algum dia. Fui testemunha da surpresa desses novos capitães-do-mato na metade dos anos 1980, quando Jader Barbalho exercia o seu primeiro mandato como governador (1983/87). Ele fez discursos firmes e diretos na inauguração da mineração de ferro em Carajás e da planta de alumínio em Barcarena. Criticou-as e garantiu que as faria investir mais e melhor.

Os dirigentes da Vale e da Albrás se surpreenderam, ficaram admirados pela combatividade do jovem governador e temeram pelo pior. O pior, para eles, seria não poderem fazer o que planejavam: extrair o máximo dos recursos naturais do Estado e vendê-los no exterior, em mercados grandes e certos, de lucratividade crescente. Nada de enveredar pela seara dos produtos acabados, que exige competência específica e capacidade de abrir novos caminhos.

Mas o que para eles era o pior não veio. Ao invés de mobilizar a opinião pública, formar quadros competentes e honestos na administração estadual e impor sua autoridade, Jader passou a negociar nos bastidores. Manteve esses entendimentos em quatro paredes. Ele e todos os governadores que lhe seguiram na cúpula do poder público e em suas ramificações. Os executivos das corporações forâneas, metropolitanas e coloniais começaram a perceber que a elite paraense não é séria, não representa senãoseus próprios interesses e partilha o brocardo de que se a farinha é pouca, meu pirão primeiro.

A frase que mais a define, porém, é a célebre lei é potoca. Ela saiu das bocas do paraense Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, que ainda é considerado, mais de meio século depois da sua morte, a maior liderança política da história republicana (embora, a rigor, nada republicana) do Pará, e inspiração de uma cultura que fincou raízes profundas na prática cotidiana das pessoas e no inconsciente coletivo do Estado.

O general Barata pronunciou a frase não no exercício do cargo de interventor federal no Pará, entre 1930 e 1935, como um dos principais personagens nativos da revolução tenentista e representante do poder autoritário. Disse-a no exercício do seu único mandato como governador eleito (iniciado em 1956, cujo encerramento foi antecipado por sua morte, em 1959).

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