alguem me ajuda ,e pra entregar hj tá valendo muitos pontos
poema do livro o menino de dedo verde
eu imploro ajuda
Soluções para a tarefa
O menino do dedo verde
Maurice Druon
14.
Quando os grandes falam em voz alta, as crianças não os ouvem.
– Você está me ouvindo, Tistu?
E Tistu respondia que sim com a cabeça, para parecer obediente, mas não estava prestando a mínima atenção.
Mas quando as pessoas grandes começam a falar em voz baixa e a dizer segredos, logo os meninos apuram os ouvidos e procuram escutar justamente aquilo que não lhes queriam dizer. Neste ponto são todos iguais e Tistu não fazia exceção.
Há alguns dias que todo o mundo cochichava em Mirapólvora. Pairava segredo no ar, e até nos tapetes da Casa-que-Brilha.
O Sr. Papai e Dona Mamãe soltavam longos suspiros ao lerem os jornais.
O criado Cárolo e a cozinheira Siá Amélia sussurravam junto à máquina de lavar pratos. E até o Sr. Trovões parecia ter perdido seu vozeirão de trombeta.
Tistu apanhava em pleno vôo palavras de mau aspecto.
– Tensão... – dizia o Sr. Papai em voz soturna.
– Crise... – respondia Dona Mamãe.
– Agravamento, agravamento... – acrescentava o Sr. Trovões.
Tistu julgou que se falava de uma doença, ficou muito preocupado, e saiu de polegar em riste a procurar o enfermo pela casa.
Uma volta pelo jardim mostrou-lhe que se enganara. Bigode estava em forma, os puros-sangue cavalgavam pela relva, Ginástico vendia saúde.
Mas no dia seguinte uma outra palavra estava em todas as bocas.
– Guerra... Era inevitável! – constatava o Sr. Papai.
– Guerra... Pobre humanidade! – lamentada Dona Mamãe, balançando a cabeça tristemente.
– Guerra... Mais uma! – frisava o Sr. Trovões. – Resta saber quem vai ganhar.
– Guerra... Que desgraça! Quando é que isso vai acabar! – gemia Siá Amélia, quase chorando.
– Guerre... otrra fez! – repetia o criado Cárolo, que tinha, vocês já sabem, um leve sotaque estrangeiro.
Como só se falava em voz baixa, Tistu entendeu que a guerra devia ser uma coisa feia, uma doença de gente grande, pior que a embriaguez, mais cruel que a miséria, mais perigosa que o crime. O Sr. Trovões já lhe falara um pouco da guerra, mostrando-lhe o monumento aos mortos em Mirapólvora. Mas o Sr. Trovões falara com voz tão forte que Tistu não entendeu direito.
(...)
Resposta:
O menino do dedo verde
Maurice Druon
14.
Quando os grandes falam em voz alta, as crianças não os ouvem.
– Você está me ouvindo, Tistu?
E Tistu respondia que sim com a cabeça, para parecer obediente, mas não estava prestando a mínima atenção.
Mas quando as pessoas grandes começam a falar em voz baixa e a dizer segredos, logo os meninos apuram os ouvidos e procuram escutar justamente aquilo que não lhes queriam dizer. Neste ponto são todos iguais e Tistu não fazia exceção.
Há alguns dias que todo o mundo cochichava em Mirapólvora. Pairava segredo no ar, e até nos tapetes da Casa-que-Brilha.
O Sr. Papai e Dona Mamãe soltavam longos suspiros ao lerem os jornais.
O criado Cárolo e a cozinheira Siá Amélia sussurravam junto à máquina de lavar pratos. E até o Sr. Trovões parecia ter perdido seu vozeirão de trombeta.
Tistu apanhava em pleno vôo palavras de mau aspecto.
– Tensão... – dizia o Sr. Papai em voz soturna.
– Crise... – respondia Dona Mamãe.
– Agravamento, agravamento... – acrescentava o Sr. Trovões.
Tistu julgou que se falava de uma doença, ficou muito preocupado, e saiu de polegar em riste a procurar o enfermo pela casa.
Uma volta pelo jardim mostrou-lhe que se enganara. Bigode estava em forma, os puros-sangue cavalgavam pela relva, Ginástico vendia saúde.
Mas no dia seguinte uma outra palavra estava em todas as bocas.
– Guerra... Era inevitável! – constatava o Sr. Papai.
– Guerra... Pobre humanidade! – lamentada Dona Mamãe, balançando a cabeça tristemente.
– Guerra... Mais uma! – frisava o Sr. Trovões. – Resta saber quem vai ganhar.
– Guerra... Que desgraça! Quando é que isso vai acabar! – gemia Siá Amélia, quase chorando.
– Guerre... otrra fez! – repetia o criado Cárolo, que tinha, vocês já sabem, um leve sotaque estrangeiro.
Como só se falava em voz baixa, Tistu entendeu que a guerra devia ser uma coisa feia, uma doença de gente grande, pior que a embriaguez, mais cruel que a miséria, mais perigosa que o crime. O Sr. Trovões já lhe falara um pouco da guerra, mostrando-lhe o monumento aos mortos em Mirapólvora. Mas o Sr. Trovões falara com voz tão forte que Tistu não entendeu direito.
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