Português, perguntado por seupaiusacalsinha, 9 meses atrás

Além do bastidor
1 Começou com linha verde. Não sabia o que bordar, mas tinha certeza do verde, verde brilhante.
2 Capim. Foi isso que apareceu depois dos primeiros pontos. Um capim alto, com as pontas dobradas, como se olhasse para alguma coisa.
3 Olha para as flores, pensou ela, e escolheu uma meada vermelha.
4 Assim, aos poucos, sem risco, um jardim foi aparecendo no bastidor. Obedecia às suas mãos, obedecia ao seu próprio jeito, e surgia como se no orvalho da noite se fizesse a brotação.
5 Toda manhã, a menina corria para o bastidor, olhava, sorria, e acrescentava mais um pássaro, uma abelha, um grilo escondido atrás de uma haste.
6 O sol brilhava no bordado da menina.
7 Era tão lindo o jardim, que ela começou a gostar dele mais do que de qualquer outra coisa.
8 Foi no dia da árvore. A árvore estava pronta, parecia não faltar nada. Mas a menina sabia que tinha chegado a hora de acrescentar os frutos. Bordou uma fruta roxa, brilhante, como ela mesma nunca tinha visto. E outra, e outra, até a árvore ficar carregada, até a árvore ficar rica, e sua boca se encher do desejo daquela fruta nunca provada.
9 A menina não soube como aconteceu. Quando viu, já estava a cavalo no galho mais alto da árvore, catando as frutas e limpando o caldo que lhe escorria da boca.
10 Na certa, tinha sido pela linha, pensou na hora de voltar para casa. Olhou, a última fruta ainda não estava pronta, tocou no ponto que acabava em fio. E lá estava ela, de volta à sua casa.
11 Agora que já tinha aprendido o caminho, todo dia a menina descia para o bordado. Escolhia primeiro aquilo que gostaria de ver, uma borboleta, um louva-a-deus. Bordava com cuidado, depois descia pela linha para as costas do inseto, e voava com ele, e pousava nas flores, e ria e brincava e deitava na grama.
12 O bordado já estava quase pronto. Pouco pano se via entre os fios coloridos. Breve, estaria terminado.
13 Faltava uma garça, pensou ela. E escolheu uma meada branca matizada de rosa. Teceu seus pontos com cuidado, sabendo, enquanto laçava a agulha, como seriam macias as penas e doce o bico. Depois, desceu ao encontro da nova amiga.
14 Foi assim, de pé ao lado da garça, acariciando-lhe o pescoço que a irmã mais velha a viu ao debruçar-se sobre o bastidor. Era só o que não estava bordado. E o risco era tão bonito, que a irmã pegou a agulha, a cesta de linha, e começou a bordar.
15 Bordou os cabelos, e o vento não mexeu mais neles. Bordou a saia, e as pregas se fixaram. Bordou as mãos, para sempre paradas no pescoço da garça. Quis bordar os pés, mas estavam escondidos pela grama. Quis bordar o rosto, mas estava escondido pela sombra. Então bordou a fita dos cabelos, arrematou o ponto, e com muito cuidado cortou a linha.
Marina Colasanti. Uma idéia toda azul. RJ, Nórdica, 1979
Em qual parágrafo localiza-se o ponto culminante desta história?

A

Parágrafo 13.

B

Parágrafo 14.

C

Parágrafo 15.

D

A história não tem ponto culminante.

URGENTE​

Soluções para a tarefa

Respondido por robertfurtado1901
2

Resposta:

creio que seja a alternativa C

Respondido por girardibachoseiasvin
0

Resposta:

CREIO QUE SEJA ALTERNATIVA C

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