História, perguntado por abacatevermelho, 10 meses atrás

Além da prática do embalsamento, que outra característica marcante dos cuxitas influenciaram os egípcios?

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Respondido por kalfelsrenato
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Resposta:

Chamamos mumificação ao processo de preservação corporal, que pode acontecer naturalmente em algumas regiões do planeta, por condições ambientais propícias, (no caso do Egipto, o calor e clima habitualmente muito seco), ou de forma intencional através de determinados procedimentos. Foram descobertos, do período pré-dinástico, seres humanos, geralmente em posição fetal, que se encontravam depositados em covas no deserto.

Os egípcios desde muito cedo tentaram preservar o corpo dos seus mortos, pois fazia parte da sua cultura e religião, acreditar fortemente na vida para além da morte, em que o espírito teria necessidade de reconhecer o respectivo corpo. Utilizaram uma técnica a que se chamou mumificação (dessecação do corpo), e que era seguida de outros procedimentos a que se chama embalsamamento, embora frequentemente se misturem os termos de forma indestinta.

Apenas as pessoas de estatuto mais elevado teriam acesso a estes procedimentos, assim, estariam em condições de acesso a esse serviço, para além do faraó e respectiva família, os altos funcionários, sacerdotes, e chefias militares, pois tratava-se de um procedimento bastante dispendioso.

Vamos por partes, descrever os passos mais importantes de cada uma dessas fases:

Na mumificação, começava-se por se proceder à extracção do cérebro ao morto, através das fossas nasais, com num ferro especial, que era rodado várias vezes até praticamente liquefazer o mesmo, saindo esse material pelas fossas nasais. Seguidamente faziam uma incisão na região abdominal, para extracção dos intestinos e órgãos internos. De seguida o interior do abdómen era lavado com vinho de palma, e cheio com mirra, canela e outros perfumes, sendo novamente fechada a cavidade por uma sutura com linha. Posteriormente todo o corpo era envolto durante 40 dias, em natrão, substância natural retirada de certos locais e que quimicamente corresponde a carbonato de sódio hidratado (Na2CO3•10H2O), indo provocar a perda quase total de água, e evitando o desenvolvimento de bactérias.

Outros métodos, mais aligeirados podiam ser realizados para o caso de se pretender um serviço menos dispendioso, mas também de menor qualidade, em que eram injectados através do ânus líquidos à base de óleo de cedro, e que provocava uma liqueficação dos órgãos internos que eram posteriormente extraídos, sem necessidade de abertura da cavidade abdominal.

Depois da fase da desidratação, procedia-se a nova lavagem do corpo,. Algumas vísceras eram lavadas e preservadas, como, o fígado, os pulmões, o estômago e os intestinos e introduzidos em vasos canopos, que frequentemente tinham tampas diferentes correspondendo aos 4 filhos de Horus: Imseti (cabeça de homem onde se colocava o fígado); Hapi (cabeça de babuíno onde se colocavam os pulmões); Duamutef (com cabeça de canídeo, onde se colocava o estômago) e Kebehsenuef (cabeça de falcão, onde se colocavam os intestinos). O coração, normalmente era deixado no seu local, sendo colocado em cima dele frequentemente um escaravelho com algumas passagens dos livros dos mortos.

Ainda se procediam a cuidados de conservação especial no que respeitava à face, às mãos e unhas

Por fim o interior do corpo era cheio com linho, natrão e ervas aromáticas. Finalmente era envolvido externamente com balsamos de vários tipos, e enfaixado com longas dezenas de metros de faixas de linho, um procedimento executado por especialistas nessa actividade.

Haveria ainda celebrações religiosas em que o sacerdote ou o filho mais velho do defunto, fazia o procedimento da "abertura da boca", em que o oficiante, tocava em algumas partes do corpo com um objecto com forma de um peixe numa das pontas, ou com uma enxó, e tinha o significado de conferir à boca, a capacidade para falar, comer ou beber, e os olhos, nariz e ouvidos para recuperarem as suas funções naturais.

No fim, o corpo era introduzido em sarcófagos que podiam ser feitos de vários materiais, como pedra, madeira, metal ou cartonagem.

Este processo demoraria 30 dias que associado aos 40 dias iniciais da primeira fase, perfaziam um total de 70 dias. Seria esse tempo certamente utilizado para completar o que faltava na decoração do túmulo.

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