além da adrenalina, o que mais usa atletas de esporte de aventuras nesta prática
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Resposta:
Adeptos de modalidades arriscadas aprendem a manter a serenidade em situações de perigo e têm o medo como aliado para aumentar a atenção e evitar
No alto do helicóptero com a porta aberta, a 2 mil metros do chão, o coração acelera, as mãos suam, e os músculos se tensionam. É a adrenalina, que percorre a corrente sanguínea a cada novo salto de paraquedas. A sensação se repete na ponta de um penhasco, a cada movimento de escalada em uma montanha e em cima de uma prancha que flutua sobre ondas gigantes. Coisa de doido? Longe disso. Aficionados por esportes radicais demonstram calma em momentos nos quais a morte é um risco frequente.
Estar disposto a se jogar do céu exige muita sanidade. “Não há nada de patológico com pessoas que gostam de atividades radicais”, assegura Renato Miranda, doutor em psicologia do esporte e autor do livro Reflexões do esporte para o desempenho humano (Editora CRV, 2013). Segundo ele, o perfil psicológico de quem pratica esportes de aventura é o oposto do que se imagina. “São pessoas destemidas, mas centradas, cuidadosas. Elas precisam da calma para lidar com as situações de risco. Como o perigo está rondando o atleta permanentemente, requer muita preparação psicológica”, explica Renato.
O medo não deixa de existir, apenas se torna controlável. Vice-campeão mundial de wingsuit, o brasiliense Yuri Cordeiro tem o temor como aliado. Como qualquer erro pode ser fatal, é esse sentimento que o mantém alerta a tudo na prática. “Já não é mais um medo absurdo, transformou-se num cuidado, num alerta. Preciso planejar até os mínimos detalhes para que não termine em tragédia”, conta Yuri, que mora no Rio de Janeiro e tem a Pedra da Gávea como principal ponto de treinamento.
Se, ao chegar ao topo da montanha, as condições de tempo não forem favoráveis, Yuri desiste do salto sem pestanejar. “Não é uma brincadeira, algo que eu possa banalizar”, ressalta o atleta. Somente essa segurança é capaz de tornar o esporte prazeroso. O encantamento das modalidades radicais advém do controle sobre situações nas quais o risco de morte é iminente. Os atletas não controlam o perigo em si, mas desenvolvem habilidades para enfrentá-los.