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Explique o que os trechos “Colocava o despertador dentro de uma panela para aumentar o barulho e eu não correr o risco de dormir demais” e “Aproveitava as folgas, às quartas-feiras, para comprar livros que contribuíram para a formação das crianças”, revelam em relação ao perfil, levando em conta a descrição subjetiva da governanta
Texto: Quase uma Pascolato
Ainda bebê, aos 9 meses de vida, Costanza Pascolato pulou no colo dela e ali ficou. Em seus braços, atravessou fronteiras fugindo da Europa, durante a II Guerra Mundial. Michele, o pai da mulher hoje considerada referência de estilo entre os paulistanos, havia sido ministro de Mussolini e toda a família passou a correr perigo quando os aliados começaram a vencer o conflito. Em outras palavras: a indústria fashion deve muito a Blanche Raval, ainda que jamais lhe tenha prestado reverência alguma. Sem o auxílio da governanta que virou quase sua irmã, Blanche Raval, mãe de Costanza, talvez não tivesse chegado aqui para fundar sua tecelagem, a Santaconstancia, nem trazido ao país a grife Salvatore Ferragamo.
Esse lapso tem sido remediado, ainda que apenas parcialmente, na exposição de fotos e vídeos Suíços no Brasil, em cartaz até 31 de março na Escola Suíço- Brasileira. Num documentário, Blanche aparece relatando como veio parar em São Paulo, hoje lar de 3 430 de seus conterrâneos imigrantes e descendentes naturalizados — aos 95, ela é a mais velha. Basta sentar para conversar e, num português entrecortado de palavras em francês, ela lembra sem hesitação a trajetória desde a cidade em que nasceu, Porrentruy, até a vida na capital paulista. Datas, cenários e situações permanecem frescos na memória, numa lucidez impressionante para sua idade. Aos 5 anos, ela ficou órfã e no orfanato em que foi criada, obteve um diploma de governanta.
Foi no verão de 1940, aos 26 anos de idade, que seu caminho cruzou o dos Pascolato, “Contratei-a na hora”, lembra Gabriella. Enquanto os patrões tentavam agilizar a papelada para partir rumo à América do Sul, ela se empolgou com a ideia de vir junto. Afinal, sem parentes nem namorado, nada a prendia à Europa.
Em cinco décadas de trabalho, ao longo das quais se tornou parte da família, jamais perdeu a hora. “Colocava o despertador dentro de uma panela para aumentar o barulho e eu não correr o risco de dormir demais”, lembra. Aproveitava as folgas, às quartas-feiras, para comprar livros que contribuíram para a formação das crianças. “Blanche me apresentou a obra de Rousseau, Simone de Beauvoir e Jean- Paul Sartre”, afirma Costanza. Nunca se casou e, jura por suas prendas domésticas, nem sequer teve um namorado. “Dediquei minha vida ao trabalho.”
Blanche leva hoje uma vida confortável. Proprietária de dois apartamentos em Perdizes, bancou ela mesma suas viagens a Alemanha, Israel e Suíça. Católica praticante, reza ajoelhada duas vezes todos os dias. Cuidou dos filhos (Consuelo e Alessandra) e dos netos (Cosimo e Allegra) de Costanza. Suas despesas, o que inclui uma enfermeira 24 horas, são pagas pelos Pascolato — a quem pretende deixar os seus bens. Aos sábados, chova ou faça sol, almoça com a família. “Por meus pais terem morrido, escolhi não ter filhos por medo de deixá-los abandonados”, conta. “Mas me realizei ao cuidar de crianças que me têm como mãe.”
(BATISTA JÚNIOR, João. Veja São Paulo/ fev.2010. )
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qual a pergunta o tecto está muito confuso
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