ajudem aí
1) " A linguagem tem um grande poder em nossas vidas.Nas últimas décadas, estudiosos de diversos campos do conhecimento - como a Antropologia, a Sociologia, a Filosofia , a Linguística, a Psicologia e a Biologia - têm chegado a conclusões que apontam para a mesma direção: somos seres fundamentalmente linguísticos." Qual a impostância da linguagem para nós humanos nos diferenciarmos dos animais?
2) No tocante a palavra, julgamos conhecer aquilo que falamos, seja numa conversa informal que estabelecemos no dia - a - dia. Nesse sentido, identifique uma das preocupações mais constantes dos filósofos quanto a linguagem?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Urge que as ciências humanas de hoje se reapropriem das questões postas pelos filósofos de ontem, sobretudo daquelas que são frutos da questão central da filosofia: "o que é ser humano?". É verdade que hoje em dia a biologia molecular e as neurociências nos permitem questionar sobre a humanidade de outra maneira, de uma maneira que difere muito da que fazíamos até recentemente. As velhas questões da filosofia são hoje reformuladas a uma nova linguagem. Como a ciência explica que a consciência, as emoções e a moral podem surgir a partir das mesmas estruturas físicas e químicas que compõem o cérebro? Algum dia, a consciência será cartografada através de exames, ressonância magnética ou qualquer outro instrumento? As novas ciências da vida e do cérebro têm o aparato teórico para ligar os avanços científicos com a filosofia e a ética? Sobre que aspectos essas ciências estudam a humanidade do homem? Poderíamos multiplicar essas questões que ecoam nas controvérsias que marcam o caminho da ciência nos últimos anos.
Todas essas questões são dolorosas e muitas pessoas são tentadas a pedir à ciência de hoje para aliviá-las. Na verdade, a questão da humanidade, muitas vezes deixada de lado por muitos biólogos, deve ser reassumida pelos profissionais das ciências humanas e sociais, e os filósofos. Entretanto, é necessário também levar a sério os avanços da genética e da neurociência que nos permitiram examinar as práticas concretas, incluindo as questões relativas à mensuração dos fenômenos, em geral e humanos, o estabelecimento de provas, estabelecimento de critérios de objetividade, a questão das "evidencias", etc. Embora não haja dúvida de que a abordagem das ciências naturais contribuiu muito, apesar de seu reducionismo, ao conhecimento dos seres vivos, ainda temos que denunciar os limites de sua abordagem que tende a capturar o ser humano à sua superfície, ou através apenas de sua biologia como única descrição de comportamentos observados.
Claro, que nem a filosofia, nem a antropologia, nem a psicologia ou ética foram abolidas, por enquanto, pela biologia. Essas disciplinas humanas ganham muito quando entram em diálogo com a biologia, pois esta última não carrega uma resposta definitiva para a questão da especificidade do ser humano. Alguns geneticistas e neurocientistas, por vezes, pretendem oferecer "a" verdade objetiva sobre o ser humano, entretanto, a maioria deles concordam em deixar em aberto às questões que dizem à humanidade. Ademais, parece-me essencial recusar a emblemática divisão entre natureza e cultura: a influência de uma sobre a outra se mostrarão indissociáveis. É verdade que o cérebro de ontem, antes insondável, hoje é visível, mas o pensamento e a consciência sempre escaparão à investigação. A definição de humanidade encontrar-se-á quando as disciplinas se recusarem a lutar por quem fica com a última palavra e começarem uma atitude positiva de cooperação. Chegamos a um ponto de reflexão que nos obriga a repensar as relações entre as disciplinas. E podemos aproveitar este momento crucial para iniciar a discussão em torno do status de "evidência" na prática da ciência, seja a biologia molecular, psicologia, ciências sociais e humanas, ou filosofia.
Desta forma, minha reação ao artigo "Políticas e práticas em saúde mental: as evidencias em questão" dos meus colegas Gastão Wagner de Sousa Campos, Rosana Teresa Onocko Campos e Lourdes Rodriguez Del Barrio estará oferecendo uma reflexão crítica sobre os limites das práticas científicas, incluindo as da biologia, e dos estudos dos fenômenos humanos. Além disso, insistirei na urgência de promover a inter(trans)disciplinariedade em pesquisa, especialmente no tangente às pessoas que sofrem com problemas de saúde mental, ou abordagens quando se trata de usar os resultados de estudos para propor políticas, programas locais e das práticas clínicas no campo da saúde mental. Em seu artigo, os três autores questionam o status da "evidência", e suas ligações com as políticas e práticas de saúde mental, que ajudou a fomentar a Reforma Psiquiátrica, não só no caso do Brasil, mas também em outras partes do mundo.
Gastão Wagner, Rosana Onocko e Lourdes Rodriguez lembraram em seu texto que as políticas nacionais de saúde mental foram, em geral, fundadas com base em valores e direitos a serem respeitados: garantia de liberdade para o usuário de serviços de saúde; ênfase na reabilitação social, humanização dos cuidados em saúde, promoção da cidadania, etc. Os argumentos dos autores desdobram-se em três direções principais: a distinção entre "evidência" quantitativa e qualitativa, a inserção do debate ético-político e a pergunta sobre que "evidências" os pesquisadores devem acumular antes de sugerir o desenvolvimento de políticas e práticas de saúde mental. Construí o meu argumento baseado na crítica desenvolvida pelos autores no artigo.