Aí pessoal alguém pode me ajudar,
preciso d um texto baseado no texto de educar , cozinhar ,transformar.
☝️Pra encontrar o texto é só copiar esse título educar,
cozinhar, transformar e jogar no google
Soluções para a tarefa
Resposta:
Uma lentilha pelos seus pensamentos na hora mágica em que os aromas da cebola e do alho escapam da panela
Comecei cortando cebola, que refoguei com alho e pedacinhos de lombo de porco. Ao fazer lentilha, uma das coisas de que mais gosto é o perfume que sobe da fervura. O caldo, tingido pelas sementinhas cozidas, fica escuro e brilhante. Largo sobre ele uma folha de louro. Ela navega. Enquanto mexo o caldeirão, desato em meus pensamentos os nós de um texto difícil e respiro aliviada: essa receita eu vou comer de colher, no prato fundo.
Trabalho em casa, escrevendo, e passo boa parte do tempo castigando o teclado atrás do fio da meada que às vezes fica todo embaraçado. A cozinha está logo ali, magnética. Sei que se precisar de uma porção de clichês particulares é só destampar algumas panelas. O chiado da pressão me mantém alerta, há o barulhinho bom de uma bebida sendo despejada no copo e, bem cedinho, os preparativos do café da manhã vão deixando vestígios: a chaleira apita, a máquina mói o café, as louças se esbarram. Coisas assim.
Cozinho, logo penso
Às vezes, os dedos titubeiam no meio da tarde e sofro de bloqueio de escrita. Meio que sem método e sem medida, paro de trabalhar e faço carne de panela com batatinhas. Desse jeito, o tempo me parece mais maleável, os pensamentos ganham nitidez e eu, que me sentia acuada pelo tique-taque do relógio, em menos de uma hora tenho o jantar pronto e um novo ânimo para continuar aquele texto, porque afinal cozinhar costuma me ajudar a encontrar saídas no labirinto criativo. Dissolve angústias, orienta uma decisão.
Não é sempre que dá certo. Depende da inspiração e do que tem na geladeira. Quando funciona, porém, a coisa é um tanto mágica e deixa aquela sensação de completude. “Enquanto eu cozinho, tenho convicção de que posso matar ou tornar doce a vida. Vigio meus pensamentos mais secretos, lavo as mãos com sal se a coisa desanda. Canto cantigas ancestrais de velhas senhoras que cozinharam para a humanidade. A tristeza tempera na proporção de fazer saudade. Não mais”, me disse, em bem temperados termos, a contadora de histórias e autora de livros infantis Penélope Martins. Acho que quando é assim, o que se faz é um tipo delicado de feitiçaria…