(Adaptada Enade 2014) Texto I Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. – Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. – Anda, excomungado. (RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 23. ed. São Paulo: Martins, 1969, p. 11) Texto II – Quero ser como a flor que morre antes de envelhecer. Assim dizia Modari, a gorda indiana. Não morreu, não envelheceu. Simplesmente, engordou ainda mais. Finda a adolescência, ela se tinha imensado, planetária. Atirada a um leito, tonelável, imobilizada, enchendo de mofo o fofo estofo. De tanto viver em sombra ela chegava de criar musgos nas entrecarnes. A vida dela se distraia. Lhe ligavam a televisão e faziam desnovelar novelas. Modari chorava, pasmava e ria com sua voz aguçada, de afinar passarinho. Nos botões do controlo remoto ela se apoderava do mundo, tudo tão fácil, bastava um toque para mudar de sonho. Rebobinar a vida, meter o tempo em pausa. Afinal, o destino está ao alcance de um dedo. Modari, de dia, nocturna. De noite, diurna. No ecrã luminoso a moça descascava o tempo. Tanta substância, porém, lhe desabonava a força. A gorda não se sustinha de tanto sustento. Não tinha levante nem assento. Desempregada estava sua carne, flácido o corpo em imitação de melancia recheada. Uma simples ideia lhe fazia descair a cabeça. Já a família sabia: se a ideia era bondosa descaía para o lado esquerdo. Ideia má lhe pesava o ombro direito. (COUTO, Mia. Contos do nascer da terra. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 33) Texto III Compreende-se desta forma que a lusofonia é um espaço simbólico que reúne o conjunto de identidades culturais existentes em países, regiões, estados ou cidades falantes da língua portuguesa, com objectivos de desenvolvimento político, económico e social, baseado no respeito pelos valores humanos e da soberania de cada Estado-nação e pela promoção da língua portuguesa, sendo esta considerada como denominador comum dos seus membros. Apesar de ter sido classificado mundialmente como países de baixo poder económico e político entre outros países, não se esgota o seu poder de união, isto é, utilizando a sua força que é a língua portuguesa enquanto símbolo de união, para reafirmar a sua ligação na grande comunidade imaginada, a “lusofonia”. Ser lusófono é, de certeza, mais do que ser falante de língua portuguesa. Ser lusófono significa ser do mundo ou, na afirmação de Vergílio Ferreira, da “minha língua vê-se o mar” e com ela “se vê o mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir”, a qual Miguel Torga advertia como “um traço de união” entre povos. A história de diferentes povos agrupados no teto da lusofonia é unida pela língua e religião. (Paulino, V. (2019). Cartografia da Lusofonia de Língua Portuguesa no Mundo e em Timor-Leste. Linha D’Água, 32(2), 145-167. Nas literaturas de língua portuguesa (Portugal, Brasil, Moçambique, Timor leste, Macau e outros), notamos diferentes nuances na utilização da língua como expressão cultural, pessoal e social. A partir dos fragmentos apresentados, redija um texto dissertativo tratando sobre a relação entre língua, literatura e cultura dos países lusófonos.
ellysvaldo:
Por favor alguem?
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Abaixo segue um texto dissertativo falando sobre os países lusófonos:
A colonização portuguesa deixou em diversos países, não só no Brasil, diversas marcas e cicatrizes. Uma dessas grandes heranças, foi a Lusofonia, a capacidade de nos comunicarmos no idioma Português.
Essa herança, mais do que apenas uma semelhança entre cerca de nove países lusófonos, nos mostra um processo de aculturação. Onde os saberes, as vivências, as crenças, a cultura de povos, foram hierarquizadas pela cultura dos colonizadores portugueses.
Se por um viés a Lusofonia nos mostra perdas significativas na diversidade cultural, por outro viés ela nos une em saber. Através de um idioma compartilhado, temos acesso a belas literaturas e a histórias fantásticas.
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