Abaixo, segue um fragmento do poema “O Operário em Construção”, de Vinícius de Moraes.
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo,
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato como podia
Um operário em construção
Compreender porque um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia,
À mesa, ao cortar o pão,
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
– Garrafa, prato, facão,
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção. [...]
MORAES, Vinícius. O Operário em Construção. Rio de Janeiro, 1959. Disponível em: . Acesso em: 18 jan. 2016. Adaptado.
Sobre o fragmento do poema de Vinícius de Moraes, é incorreto afirmar que o operário, a quem o eu poético se refere,
Escolha uma opção:
a. é visto, inicialmente, como um indivíduo subjugado e sem liberdade, ao ser comparado a um “pássaro sem asas” (v. 3).
b. constrói sua consciência ao longo do texto, criando uma dicotomia entre a construção de habitações e objetos e a construção de seu próprio olhar crítico, na condição de um “humilde operário” (v. 44) explorado pelo sistema econômico.
c. dá-se conta, em uma súbita constatação, de que tudo à sua volta é fruto de seu trabalho, “– Garrafa, prato, facão / Era ele quem fazia” (v. 42-43).
d. não consegue fazer de seu trabalho um meio de libertação e acaba, contraditoriamente, na condição de oprimido, denunciada por meio do paradoxo presente nos versos “a casa que ele fazia / Sendo a sua liberdade / Era a sua escravidão.” (v. 12-14).
e. tem consciência crítica de sua mais-valia, luta por seus direitos e busca reverter a situação ao questionar “como podia / Um operário em construção / Compreender por que um tijolo / Valia mais do que um pão?” (v. 15-18).
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Resposta:
Alternativa E
Explicação:
Tem consciência crítica de sua mais-valia, luta por seus direitos e busca reverter a situação ao questionar “como podia / Um operário em construção / Compreender por que um tijolo / Valia mais do que um pão?”
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