ENEM, perguntado por i2riguesandresle, 1 ano atrás

A velha Totonha de quando em vez batia no engenho.

E era um acontecimento para a meninada... Que talento ela

possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável

de falar em nome de todos os personagens, sem nenhum dente

na boca, e com uma voz que dava todos os tons às palavras!

Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e

adivinhações. E muito da vida, com as suas maldades e as suas

grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles

intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis!

O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela

punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino

era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e

florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam

muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era

um senhor de engenho de Pernambuco.

Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível

identificar traços que revelam marcas do processo de

colonização e de civilização do país. Considerando o texto

acima, infere-se que a velha Totonha

A tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de

suas condições de vida e de trabalho, que denotam que ela

enfrenta situação econômica muito adversa.

B compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da

história do país colonizado, livres da influência de temas e

modelos não representativos da realidade nacional.

C retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização

urbana européia em concomitância com a representação

literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.

D aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do

próprio romancista, o qual pretende retratar a realidade brasileira

de forma tão grandiosa quanto a européia.

E imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que

têm como modelo e origem as fontes da literatura e da

cultura européia universalizada.

Questão 59

José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro:

José Olympio, 1980, p. 49-51 (com adaptações).

Soluções para a tarefa

Respondido por anapgaldino
36

Resposta:

Alternativa E

Explicação:

A velha Totonha representa o hibridismo cultural brasileiro, pois adaptava histórias da literatura universal ao ambiente social brasileiro em que se desenrolavam as suas vivências (engenho, rios e florestas). O Barba-Azul, personagem criada por Charles Perrault, foi substituído por um senhor de engenho de Pernambuco, provavelmente conhecido na região pela crueldade e feiura, características idênticas às do personagem original.

Respondido por joaolucaslins10jll
8

Resposta:

Letra (E)

Explicação:

a) A condição socioeconômica de dona Totonha não é mencionada no excerto. A alternativa, portanto, extrapola as informações fornecidas na focalização da personagem.

b) As histórias de dona Totonha são povoadas por elementos fantásticos, não se tratando de narrativas realistas: “Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis!”.

c) Embora as histórias de dona Totonha estejam calcadas nos contos de fadas europeus, o ambiente urbano da Europa não é representado, como se afirma no item. O seguinte trecho comprova a incorreção da alternativa: “O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco”.

d) A ficção de José Lins do Rego privilegia traços sociais e econômicos do sertão e da zona da mata paraibanos. Neles não se vislumbram elementos fabulosos, como nas histórias de dona Totonha, mas um registro realista.

e) As histórias de dona Totonha remontam aos contos de fadas europeus, mas são recheadas de elementos autóctones à região de onde provém: “Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco”.

Portanto a alternativa correta e a letra (E).

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