A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica, mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
Olavo Bilac
Dada a leitura do texto anterior, analise as proposições seguintes.
I. Instado a viver fora do mundo, o poeta, ao trabalhar o poema, deve com afinco e denodo preocupar-se apenas com suas próprias angústias e inquietações.
II. O poeta, como um beneditino, deve paciente e sossegadamente dissimular todo o esforço que lhe custa na feitura da obra.
III. À maneira do pedreiro sobre os andaimes, o poeta, para agradar, deve privilegiar o espontâneo e banir a aflição e o artificialismo ao construir a obra.
Infere-se, de acordo com o texto, que
A) todas estão corretas.
B) apenas I e III estão corretas.
C) apenas I está correta.
D) apenas II está correta.
E) apenas III está correta.
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Apenas a letra A estar correta
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Resposta: é a letra D. em outras palavras, só a alternativa II.
Explicação: somente a afirmativa II está correta, pois as angústias do poeta não correspondem ao principal motivo da poesia parnasiana, que se caracteriza pelo culto à forma. Desse modo, os poetas dessa escola evitam o espontâneo e prezam pelo “trabalho beneditino“, meticuloso.
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