A Sociolinguística é uma das diversas disciplinas da linguística que cuida, especificamente, das variações e mudanças da língua em uso pelas comunidades de falantes nas suas diversas situações cotidianas. Por meio dos conceitos teóricos desenvolvidos pelo linguista Bagno (2007), aprendemos que a língua é aberta, fluida, mutável e heterogênea. Ou seja, assim como nós, seres humanos “[...] heterogêneos, diversificados, instáveis, sujeitos a conflitos e transformações [...]” (BAGNO, 2007), a língua nunca está pronta e acabada porque está sempre em processo de mutação (BAGNO, 2009). Diante de tais informações e da certeza de que a língua ainda pode sofrer mudanças, há no Brasil uma tentativa de criar uma linguagem neutra e isso foi fortemente marcado por vídeos que circularam nas redes sociais, como o da Rosa Laura (link especificado nas referências de apoio) que define o “e” como assexuado, “o” como masculino e “a” como feminino (exemplo: tie, tio e tia). Tais notícias produzem os seguintes questionamentos entre linguistas contemporâneos e gramáticos tradicionalistas: a) É possível fazer uma reforma gramatical de um idioma? b) A língua deve ter assexualidade gramatical? Nesse contexto, considere a seguinte situação: Você é professor(a) de Língua Portuguesa Brasileira e ministra aula no Colégio Estadual Simone de Beauvoir para turmas de segundo ano do ensino médio (15 a 17 anos). Diante de uma atividade de produção textual, foi solicitada a produção de uma descrição regida sob o seguinte título: “Meu dia de estudante”. O aluno não binário Gabriel Gaspar entregou o seguinte texto: Querides colegues alunes Sejam todes bem vindes Amo estudar e, por isso, acordo cedo sem preguiça, tomo café, pego minha byke e vou para o Colégio, onde, com entusiasmo, participo das discussões promovidas por minhes professores. Para fazer as atividades e complementar os conhecimentos adquiridos, faço leituras extras no período da tarde e a noite ouço música, assisto a filmes e converso com os amigues. Um abraço a todes os amigues e obrigade. Gabriel. Na condição de professor(a) de língua materna, com formação linguística para mediar o conhecimento dos seus alunos, prepará-los para o mercado de trabalho e para uma vida social pautada no respeito à diversidade, produza um texto de uma página, amparado no conhecimento adquirido no percurso de Linguística II (principalmente pela Sociolinguística), apresentando sua atitude pedagógica intervencionista como docente perante o uso do pronome neutro pelo aluno Gabriel.
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