A série de filmes, animações, livros e quadrinhos Guerra nas estrelas (Star wars, em inglês) é considerada um fenômeno cultural do mundo contemporâneo. A obra, cujos primeiros filmes são do final dos anos 1970, retrata as disputas entre um império que domina várias galáxias e um grupo de rebeldes que luta em favor da liberdade dos povos. Os autores criaram um universo com línguas, culturas e referências próprias. Por exemplo, os jedi, guerreiros sábios e poderosos, acreditam que existe uma “força” que rege o Universo e que do contato com ela tiram o seu poder.
Além do interesse por um universo tão detalhado e por efeitos especiais considerados impressionantes na época, certamente existem outras razões para o sucesso da história.
Na entrevista a seguir, o jornalista Bill Moyers (1934-) entrevista o estudioso dos mitos Joseph Campbell (1904-1987) a respeito da saga cinematográfica Guerra nas estrelas, produzida pelo cineasta George Lucas (1944-).
O trabalho acadêmico de Joseph Campbell (1904-1987), norte-americano especialista em mitologia e religião comparada, serviu de inspiração para George Lucas criar a saga “Guerra nas estrelas”.
Lucas ficou entusiasmado com a obra de Campbell, que traça paralelos e apresenta semelhanças estruturais entre culturas diferentes, dos lamas tibetanos às sociedades medievais da Europa.
“O Herói de Mil Faces”, livro mais famoso e influente de Campbell, mostra que religiões, mitologias, contos de fada e folclore universal representam protagonistas e histórias que se repetem.
“O Poder do Mito” reproduz uma entrevista de Campbell ao jornalista Bill Moyers. Curiosamente, o homem cuja pesquisa inspirou Lucas fala sobre o mito no universo de “Star Wars”.
O resultado é um debate sobre pontos em comum entre civilizações, apontando os motivos pelos quais alguns temas são recorrentes na mitologia e na religiosidade dos povos. Abaixo, leia um trecho da entrevista.
MOYERS: Isso é que me intriga. Somos felizes quando os deuses e as musas nos dão atenção, e a cada geração aparece sempre alguém servindo de fonte inspiradora para a jornada que cada um de nós empreende. No seu tempo, era Joyce, Thomas Mann. No nosso, muitas vezes parece que é o cinema. Os filmes criam mitos heroicos? Você acha, por exemplo, que um filme como “Guerra nas estrelas” corresponde a algo daquela necessidade de um modelo de herói?
CAMPBELL: Ouvi jovenzinhos usando alguns dos termos de George Lucas: “a Força” e “o lado negro”. Deve estar batendo com alguma coisa. É uma boa maneira de ensinar, eu diria.
MOYERS: Penso que isso em parte explica o sucesso de “Guerra nas estrelas”. Não foi apenas a qualidade da produção que fez dele um filme tão atraente, é, também, que ele chegou num momento em que as pessoas tinham necessidade de ver, em imagens assimiláveis, o embate entre o bem e o mal. Todos precisavam que o idealismo lhes fosse lembrado, todos queriam ver uma história baseada em desprendimento, não em egoísmo.
CAMPBELL: O fato de o poder do mal não estar identificado com nenhuma nação específica, nesta terra, significa que você tem aí um poder abstrato, que representa um princípio, não uma situação histórica específica. A história do filme tem a ver com uma operação de princípios, não com esta nação contra aquela. As máscaras de monstros, usadas pelos atores de “Guerra nas estrelas”, representam a verdadeira força monstruosa, no mundo moderno. Quando a máscara de Darth Vader é retirada, você vê um rosto informe, de alguém que não se desenvolveu como indivíduo humano. O que se vê é uma espécie de fase indiferenciada, estranha e digna de pena.
MOYERS: Qual é o significado disso?
CAMPBELL: Darth Vader não desenvolveu a própria humanidade. É um robô. É um burocrata, vive não nos seus próprios termos, mas nos termos de um sistema imposto. Este é o perigo que hoje enfrentamos, como ameaça às nossas vidas. O sistema vai conseguir achatá-lo e negar a sua própria humanidade, ou você conseguirá utilizar-se dele para atingir propósitos humanos? Como se relacionar com o sistema de modo a não o ficar servindo compulsivamente? Não adianta tentar mudá-lo em função das suas concepções ou das minhas. O momento histórico subjacente a ele é grandioso demais para que algo realmente significativo resulte de uma tentativa de mudança. O que é preciso é aprender a viver no tempo que nos coube viver, como verdadeiros seres humanos. Isso é o que vale, e pode ser feito.
MOYERS: Como?
CAMPBELL: Mantendo-se fiel aos seus próprios ideais, como Luke Skywalker, rejeitando as exigências impessoais com que o sistema o pressiona.
[...]
Glossário
informe: deformado; sem uma forma definida.
a) Histórias como Guerra nas estrelas podem ser consideradas mitos? Por quê?
b) Considerando a entrevista e o que vocês pensam, qual pode ser a função de um herói?
Soluções para a tarefa
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Radica é uma pergunta difícil você seja pesquise
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Resposta:
a) O filme Guerra nas Estrelas é considerado um mito porque traz os elementos mitológicos que uma história precisa: os arquétipos representando as múltiplas faces da personalidade humana e a jornada do Herói, que representa a trajetória de uma vida, com todas as suas etapas necessárias para a evolução.
Explicação:
espero ter ajudado
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