A seguir temos dois textos do escritor uruguaio Eduardo Galeano. No primeiro, o escritor narra a chegadade Cristóvão Colombo à América. De forma jocosa, o segundo texto de Galeano faz referência ao possívelponto de vista das populações indígenas do Caribe diante da figura de Cristóvão Colombo. Leia-os e res-ponda às questões propostas:texto 1Colombo fi cou deslumbrado quando atingiu a ilhota de San Salvador [...]. Presenteou aos indígenas “unsbotões vermelhos e umas contas de vidro que se punham no pescoço, e outras muitas coisas de poucovalor com que fi zeram muito prazer e fi cavam tão nossos que era uma maravilha”. Mostrou-lhes as espa-das. Eles não as conheciam, seguravam-nas pelo fi o, cortavam-se. Enquanto isso, conta o almirante emseu diário de navegação, “eu estava atento e trabalhava para ver se havia ouro, e tendo visto que algunsdeles traziam um pedacinho pendente do buraco que tinham no nariz, por sinais que pude entender queindo ao Sul ou contornando a ilha pelo Sul, que estava ali um Rei que tinha grandes vasos disto, e tinhamuitíssimo”. Porque “do ouro se faz tesouro, e com ele quem o tem faz o que quiser no mundo e chega alevar as almas ao Paraíso”.GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. p. 25.a) De acordo com o texto 1, que fonte Eduardo Galeano usa para narrar esse episódio, ocorrido no século XV?b) Explique que sentido pode ter, no texto 1, a afirmação de que “do ouro se faz tesouro, e com ele quem otem faz o que quiser no mundo e chega a levar as almas ao Paraíso”.c) Em geral, a história a que temos acesso é aquela construída a partir dos relatos oficiais. Reflita e re-gistre as razões pelas quais temos um silêncio histórico em relação aos pontos de vista não oficiais, ouseja, neste contexto, as versões das populações que foram submetidas ou pretensamente submetidas àdominação europeia durante o processo de expansão marítima.texto 2Do ponto de vista da coruja, do morcego, do boêmio e do ladrão, o crepúsculo é a hora do café da manhã.A chuva é uma maldição para o turista e uma boa notícia para o camponês.Do ponto de vista do nativo, pitoresco é o turista.Do ponto de vista dos índios das ilhas do Mar do Caribe, Cristóvão Colombo, com seu chapéu de penas esua capa de veludo encarnado, era um papagaio de dimensões nunca vistas.GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso.Porto Alegre: L&PM, 2001. p. 31.
Soluções para a tarefa
a) Nota-se que a principal fonte de informações, para o episódio, a muitos teóricos são as cartas escritas pelo próprio capitão Cortés, endereçadas ao imperador Carlos V, as chamadas 'Cartas de Relação'.
b) Os espanhóis colonizadores operavam sem qualquer escrúcupulo. Agiam como salteadores, como ladrões selvagens, na tentativa de explorar o máximo e depois fugir. Acreditavam que “do ouro se faz tesouro e com ele quem o tem, faz o que quiser no mundo e chega a levar as almas ao paraíso”. Havia, ainda, as bênçãos de muitos religiosos que diziam serem os nativos como animais, sem alma.
c) Sempre serão os vencedores que deixarão os registros 'oficiais' na história do homem. No caso das populações hostilizadas, devido à aculturação do vencedor sobre o vencido, do dominador sobre o dominado, os seus aspectos culturais, em geral de transmissão oral, vão-se perdendo ao serem obrigados a assumirem a cultura do conquistador, seja a língua, sejam os hábitos de vida e uso de roupas, seja comercializando sob exploração a preço vil.