A saude mental na atualidade artigo de opiniao
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Resposta:
A humanidade, desde os primórdios, tem dificuldade em lidar com as diferenças e com as dissonâncias do senso e convivência comum. Na psiquiatria, o tratamento da loucura por vezes foi baseado na intolerância frente aos comportamentos dos doentes mentais tendo no cárcere dos indivíduos uma opção para afugentar o diferente e proteger a sociedade(1).
Nas últimas décadas, os hospitais psiquiátricos deixaram de constituir a base do sistema assistencial, cedendo terreno a uma rede de serviços extra-hospitalares de crescente complexidade, visando à desconstrução do modelo até então vigente. A internação psiquiátrica tornou-se mais criteriosa, com períodos mais curtos de hospi-talização, favorecendo a consolidação de um modelo de atenção à saúde mental mais integrado, dinâmico, aberto e de base comunitária.
Neste contexto, o paciente, sua família e os profissionais dos serviços comunitários passam a ser, cada vez mais, os principais provedores de cuidados em saúde mental. Exigindo articulação entre diversos serviços da rede de saúde em seus diferentes níveis de atenção(2).
Porém, no Brasil, como em muitos outros países, esta rede de serviços ainda está em desenvolvimento e carece de ampliação da implantação de infra-estrutura extra-hospitalar mais próxima ao cotidiano de seus clientes(3). Apesar desses avanços a assistência ao doente mental ainda é marcada por um processo de sucessivas internações, caracterizando um novo fenômeno conhecido como porta giratória. Isto é, o doente alterna entre episódios agudos com internação e períodos de estabilidade quando fica na comunidade(4).
A demanda de cuidado em saúde mental não se restringe apenas a minimizar riscos de internação ou controlar sintomas. Atualmente, o cuidado envolve também questões pessoais, sociais, emocionais e financeiras, relacionadas à convivência com o adoecimento mental. Tal cuidado é cotidiano e envolve uma demanda de atenção nem sempre prontamente assistida devido a inúmeras dificuldades vivenciadas tanto pelos pacientes e seus familiares, quanto pelos profissionais e a sociedade em geral, tais como: escassez de recursos, inadequação da assistência profissional, estigmatização, violação de direitos dos doentes, dificuldade de acesso a programas profissionalizantes, etc(5).
Além disso, cabe ressaltar a notória complexidade do cuidado em saúde mental, uma vez que, em muitos casos são necessários tratamentos poli-medicamentosos, suporte terapêutico e ocupacional de longo prazo. Nesse sentido o processo de assistência destes pacientes deve ser otimizado visando à reabilitação e interação psicossocial.
Nesse sentido, a busca pela adequação da assistência ao cuidado em saúde mental tem suscitado inúmeros questionamentos acerca da proposta de desinstitucionalização, uma vez que esta proposta ainda não foi devidamente consolidada pelo modelo de atenção proposto, gerando grande demanda aos insuficientes serviços substitutivos de assistência caracteristicamente comunitária, abordagens assistenciais equivocadas até a desassis-tência em alguns casos(6-7).
No Brasil, algumas das propostas da Política Nacional de Saúde Mental, apoiada na lei 10.216/02, centram-se na qualificação, expansão e fortalecimento da rede extra-hospitalar de serviços com assistência humanizada, como: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais (UPHG); inclusão das ações da saúde mental na atenção básica e a reinserção social de pacientes longamente institucionalizados na família e na comunidade, além da Reabilitação Psicossocial(8).
Esta Reabilitação consiste na utilização de múltiplas técnicas que visam potencializar as habilidades desta população, melhorar a interação do doente mental a sua rede social, garantir seus direitos como cidadão e sua adequação também aos deveres que esta condição exige de maneira a confluir para uma melhor gestão do cuidado em saúde mental(9).
Ou seja, o cuidado tem sido almejado, através da capacitação de todos os sujeitos envolvidos nesse processo (pacientes, familiares, profissionais e sociedade), a melhor compreender a doença mental, quebrando as barreiras ao cuidado digno destas pessoas adoecidas, qualificação da assistência à saúde mental, restaurando de acordo com os recursos disponíveis o potencial destes para vida autônoma em sociedade. O que destaca o papel fundamental do cuidador:
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