A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Trecho do texto "Os operários e as máquinas na França durante a primeira metade do século XIX", por Michelle Perrot (1988)
"A resistência francesa à maquinaria, embora menos espetacular do que na Grã-Bretanha, foi mais importante do que se costuma crer, desde que não se considerem exclusivamente suas formas mais violentas (o luddismo), mas examinem-se também as vias mais difusas pelas quais se afirma, principalmente por parte dos trabalhadores em domicilio, uma oposição mais global à industrialização, Essa resistência não é espontânea nem cega: muitas vezes organizada, ela é modulada, seletiva; distingue entre os diversos tipos de máquinas. Não caberia identificá-la como uma recusa sistemática ao progresso técnico. E existe ainda uma diferença de posições e atitudes entre os operários que trabalham nas máquinas e os operários que as produzem. Os operários mecânicos certamente contribuiram para a difusão de novos valores.
Entre o final do século XVIII e meados do século XIX, inúmeros incidentes marcaram a oposição dos trabalhadores francesas às máquinas. [...] Sob o ângulo industrial, pode-se notar o predominio esmagador do setor tèxtil, chave dessa primeira revolução industrial, e depois do final do século XVIII a preponderância da lá e da seda, ramos antigos da tradição manual, para os quais se trata de uma autêntica mutação. [...] Os setores de preparação de matérias-primas e acabamento de tecidos, os mais afetados pelas novas técnicas que visam justamente eliminar os privilégios' dos operários, estão na frente do combate. Mas o ramo gráfico, as indústrias de confecções (alfaiates, chapeleiros, fabricantes de xales), as indústrias de madeira papel pintado passam por inúmeras contestações. As indústrias leves de bens de consumo as primeiras a serem mecanizadas- ocupam quase que totalmente of cenário."
PERROT, Michelle. Os excluidos da História: operários, mulheres e prisioneiros.
7° ed. São Paulo: Paz e Terra, 2017 [1988]. p. 21-24.
Glossário
Luddismo: Movimento de trabalhadores inglesas no início do século XIX que tinha como
principal ação a destruição de máquinas em protestos contra a industrialização e seus efeitos Domicilio: Casa, residência.
para o trabalhador. Difusas: Espalhadas, imprecisas, indefinidas.
QUESTÃO 1 - Responda:
a) De acordo com a autora, a que os trabalhadores que resistiam às máquinas se opunham? Por qué?
Soluções para a tarefa
Resposta:
“A resistência francesa à maquinaria, embora menos espetacular do que
na Grã-Bretanha, foi mais importante do que se costuma crer, desde que não se
considerem exclusivamente suas formas mais violentas (o luddismo), mas
examinem-se também as vias mais difusas pelas quais se afirma, principalmente
por parte dos trabalhadores em domicílio, uma oposição mais global à
industrialização. Essa resistência não é espontânea nem cega: muitas vezes
organizada, ela é modulada, seletiva; distingue entre os diversos tipos de
máquinas. Não caberia identificá-la como uma recusa sistemática ao progresso
técnico. E existe ainda uma diferença de posições e atitudes entre os operários
que trabalham nas máquinas e os operários que as produzem. Os operários
mecânicos certamente contribuíram para a difusão de novos valores.
Entre o final do século XVIII e meados do século XIX, inúmeros incidentes
marcaram a oposição dos trabalhadores francesas às máquinas. [...] Sob o
ângulo industrial, pode-se notar o predomínio esmagador do setor têxtil, chave
dessa primeira revolução industrial, e depois do final do século XVIII a
preponderância da lã e da seda, ramos antigos da tradição manual, para os
quais se trata de uma autêntica mutação. [...] Os setores de preparação de
matérias-primas e acabamento de tecidos, os mais afetados pelas novas
técnicas que visam justamente eliminar os 'privilégios' dos operários, estão na
frente do combate. Mas o ramo gráfico, as indústrias de confecções (alfaiates,
chapeleiros, fabricantes de xales), as indústrias de madeira e papel pintado
passam por inúmeras contestações. As indústrias leves de bens de consumo –
as primeiras a serem mecanizadas – ocupam quase que totalmente o cenário."