A reprodução clonal do ser humano acha-se no rol das coisas preocupantes da ciência juntamente com o controle docomportamento, a engenharia genética, o transplante de cabeças, a poesia de computador e o crescimento irrestrito dasflores plásticas.A reprodução clonal é a mais espantosa das perspectivas, pois acarreta a eliminação do sexo, trazendo comocompensação a eliminação metafórica da morte. Quase não é consolo saber que a nossa reprodução clonal, idêntica a nós,continua a viver, principalmente quando essa vida incluirá, mais cedo ou mais tarde, o afastamento provável do eu real,então idoso. É difícil imaginar algo parecido à afeição ou ao respeito filial por um único e solteiro núcleo; mais difícil ainda éconsiderar o nosso novo eu autogerado como algo que não seja senão um total e desolado órfão. E isso para não mencionaro complexo relacionamento interpessoal inerente à auto-educação desde a infância, ao ensino da linguagem, ao estabelecimento da disciplina e das maneiras etc. Como se sentiria você caso se tornasse, por procuração, um incorrigível delinqüente juvenil na idade de 55 anos?As questões públicas são óbvias. Quem será selecionado e de acordo com que qualificações? Como enfrentar osriscos da tecnologia erroneamente usada, tais como uma reprodução clonal autodeterminada pelos ricos e poderosos, massocialmente indesejáveis, ou a reprodução feita pelo Governo de massas dóceis e idiotas para realizarem o trabalho domundo? Qual será, sobre os não-reproduzidos clonalmente, o efeito de toda essa mesmice humana? Afinal, nós noshabituamos, no decorrer de milênios, ao permanente estímulo da singularidade; cada um de nós é totalmente diverso, emsentido fundamental, de todos os bilhões. A individualidade é um fato essencial da vida. A idéia da ausência de um euhumano, a mesmice, é aterrorizante quando a gente se põe a pensar no assunto.(...)Para fazer tudo bem direitinho, com esperanças de terminar com genuína duplicata de uma só pessoa, não há outraescolha. É preciso clonar o mundo inteiro, nada menos.THOMAS, Lewis. A medusa e a lesma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p.59.Em no máximo dez linhas, expresse a sua opinião em relação a uma – e somente uma – das questões propostas no terceiroparágrafo do texto.
#ENADE
Soluções para a tarefa
A clonagem de seres humanos é um processo bastante complexo e polêmico. É preciso considerar vários aspectos sobre esta questão, mas vamos nos limitar a um deles, como propõe o exercício aqui analisado:
Quem será selecionado e de acordo com que qualificações?
O mundo viveu, nos últimos dois séculos, um processo de ascensão de um programa genocida fundado na ciência que atribuía à alguns um valor maior do que a outros. O que chamamos de Eugenia foi, de fato, um a ciência elaborada com o objetivo de estimular a reprodução dos mais fortes e restringir a reprodução dos mais fracos. Mas quem eram os fracos e quem eram os fortes?
Essa é uma questão que pode ser estendida para a discussão aqui instituída: quem poderá ser selecionado?
Na Eugenia, os fortes eram aqueles que atendiam aos critérios dos cientistas. Em gera: pessoas com altura e peso regulares, com razoável força física. Aspectos racistas como: cor de pele, tipo de cabelo, cor dos olhos também eram considerados. Assim, se a clonagem trouxer esses problemas novamente à tona, podemos temer que algo semelhante venha a acontecer.
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