A reportagem DNA identifica origem de escravos trazidos à América (VEJA Edição Digital, 10 de março de 2015) traz a informação de que os cativos enterrados há mais de 300 anos na ilha holandesa de St. Martin, no Caribe, teriam vindo de uma região que hoje engloba Camarões, Gana e Nigéria. A descoberta foi feita a partir do estudo dos esqueletos de dois homens e uma mulher encontrados em 2010 na ilha. E no Brasil, o país americano que mais escravos africanos importou entre os séculos 16 e 19? De que regiões veio essa população - em torno de quatro milhões de homens, mulheres e crianças, o equivalente a mais de um terço do volume total do comércio mundial de africanos no período?
Uma pesquisa liderada pelo médico geneticista Sérgio Danilo Pena, professor titular de Bioquímica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), analisou os genes de um grupo de negros em São Paulo e apontou que 44,5% tinham uma ancestral no Centro-Oeste da África, outros 43%, na região Oeste, e o restante (12,3%), no Sudeste. Caso não tenha sofrido mutação, o DNA mitocondrial de quem viveu há centenas ou milhares de anos é idêntico ao de um descendente. Por isso, ele é chamado de marcador de linhagem. Apesar de ter sido feito em um grupo em São Paulo, o estudo pode ser considerado uma referência para o que ocorreu no resto do Brasil, já que a cidade foi e é até hoje um pólo de migração interna no país.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado por João José Reis, professor de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA), as regiões Centro-Oeste, Oeste e Sudeste da África contribuíram em graus variados de intensidade, dependendo do período considerado e das conexões comerciais mantidas pelos traficantes portugueses, brasileiros e africanos dos dois lados do Atlântico. Assim, os portos do Brasil podiam, por vezes, e em certos períodos, se especializar em determinadas direções do fluxo do comércio de pessoas.
Durante os séculos 16, 17 e a primeira metade do século 18, os chefes políticos e mercadores da África Centro-ocidental, em particular o território presentemente ocupado por Angola, forneceram a maior parte dos escravos utilizados em todas as regiões da América portuguesa. Na época, Portugal dominava a Feitoria de Luanda - hoje capital - e Benguela, ao sul - hoje uma província angolana. Essa região aos poucos se consolidou sob o nome de Angola. Em 1975, o país conquistou sua independência. As etnias dominantes eram os ovimbundos e ambundos.
Enquanto durou o tráfico transatlântico, importantes áreas importadoras, como o Rio de Janeiro, Recife e São Paulo continuaram se abastecendo sobretudo de escravos vindos dali e, mais tarde, no fim do século 18 e começo do século 19, da costa leste africana, particularmente a área hoje ocupada por Moçambique. Desde o início do século 15, os portugueses controlavam a área - situada na atual província de Nampula, no Norte. As etnias que dominavam eram os macuas, os nhanjas e os tongas.
Os traficantes envolvidos no comércio baiano, por outro lado, a partir de meados do século 17, foram se especializando cada vez mais no Golfo do Benin (sudoeste da atual Nigéria). O fluxo atravessou a proibição do comércio de negros e continuou ilegalmente. Os portugueses haviam ali estabelecido a feitoria de Benin. O nome Nigéria - que tem relação com Delta do Rio Níger, que desemboca no sul, a sudeste do Golfo da Guiné, viria com a colonização britânica (Nigéria é a fusão das palavras Niger e area, área em inglês). A influência britânica começou justamente com o fim do tráfico, que impôs o declínio econômico dos edo, etnia predominante no local. O país passou a ter a configuração territorial próxima à atual em 1914, quando a Coroa Britânica fundiu os protetorados do Norte e do Sul, formando a colônia da Nigéria.
Diante desse histórico de relações comerciais, vale estimular a reflexão dos alunos sobre os atuais vínculos entre o Brasil e esses países africanos. Nos últimos 10 anos, a presença brasileira no continente aumentou, com a abertura de 23 novas embaixadas, totalizando 39 representações brasileiras na África. A implantação delas pode ser interpretada como uma tentativa de aprofundar laços políticos, empresariais e educacionais. Além disso, o Brasil desenvolve projetos de cooperação técnica em 40 nações do continente.
1)Escreva em seu caderno qual a compreensão você teve em relação a origem dos escravizados do Brasil?
2)Segundo a universidade federal de Minas Gerais 44,5% do grupo de negros de são Paulo tinham ancestralidade de que região da África?
3)O contexto nos diz que em 1975 Angola conquista sua independência. Quais as etnias dominantes no momento da independência?
4) Quais são os Estados considerados importantes importadores durante o tráfico transatlântico?
5)Quantas representações brasileiras estão representadas na África?
Soluções para a tarefa
Resposta:
1)Escreva em seu caderno qual a compreensão você teve em relação a origem dos escravizados do Brasil?
As regiões Centro-Oeste, Oeste e Sudeste da África contribuíram em graus variados de intensidade, dependendo do período considerado e das conexões comerciais mantidas pelos traficantes portugueses, brasileiros e africanos dos dois lados do Atlântico. Assim, os portos do Brasil podiam, por vezes, e em certos períodos, se especializar em determinadas direções do fluxo do comércio de pessoas.
2)Segundo a universidade federal de Minas Gerais 44,5% do grupo de negros de são Paulo tinham ancestralidade de que região da África?
Após analise de genes de um grupo de negros em São Paulo e apontou que 44,5% tinham uma ancestral no Centro-Oeste da África.
3)O contexto nos diz que em 1975 Angola conquista sua independência. Quais as etnias dominantes no momento da independência?
As etnias dominantes eram os ovimbundos e ambundos.
4) Quais são os Estados considerados importantes importadores durante o tráfico transatlântico?
Enquanto durou o tráfico transatlântico, importantes áreas importadoras, como o Rio de Janeiro, Recife e São Paulo continuaram se abastecendo sobretudo de escravos vindos dali e, mais tarde, no fim do século 18 e começo do século 19, da costa leste africana, particularmente a área hoje ocupada por Moçambique.
5)Quantas representações brasileiras estão representadas na África?
Nos últimos 10 anos, a presença brasileira no continente aumentou, com a abertura de 23 novas embaixadas, totalizando 39 representações brasileiras na África.
Explicação:
Fonte: novaescola . org.br / conteudo / 1319 / as-origens-dos-negros-do-brasil