a relação imperialista dos portugueses belgas e alemães no continente africano
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Resposta:
Sob a égide do Rei Leopoldo II da Bélgica, aconteceu em Bruxelas a
Conferência Internacional de 1876, conhecida pelo nome de Conferência
Geográfica, para a qual Portugal não foi convidado. Oito anos depois, Portugal
foi convidado para a Conferência de Berlim (1884-1885) onde as nações
imperialistas europeias decidiram sobre a repartição da África. Na conferência
de Berlim, organizado pelo chanceler Otto Von Bismarck, Portugal apresentou
um projeto de partilha (o famoso mapa cor-de-rosa) que tinha como principal
intenção ligar as colônias portuguesas de Angola e Moçambique, o que
facilitaria o comércio e o transporte de mercadorias, mas apesar de contar com
o apoio de vários países, o projeto foi vetado pelos ingleses. Em desacordo
com a tradição diplomática de aliança entre os dois países, a reação inglesa
surpreendeu os portugueses. Diante da insistência portuguesa, o governo
inglês fez um ultimato ameaçando ir à guerra se Portugal não abandonasse o
projeto. A desistência de Portugal mostrava a fragilidade da antiga potência
colonial e, ao mesmo tempo, a posição de força e liderança da Inglaterra na
nova conjuntura política internacional na segunda metade do século XIX.
Dessa forma, pode-se dizer que o mundo liberal venceu o protecionismo
(e também o corporativismo português). Após a conferência, os beneficiários
trataram de impor sua dominação no interior e de remodelar geopolítica, social
e economicamente o continente, transformado em objeto do imperialismo de
novo tipo que surgia na Europa. Para isso, usavam os mesmos argumentos de sua instalação no litoral no século XVI: fim da escravidão, civilização,
cristianização e abertura do território para o comércio internacional. Iniciou-se a
dependência econômica do continente às industriais das potências
europeias.
Quando, finalmente, ficaram definidas as fronteiras coloniais e as
pretensões de Portugal na África foram asseguradas internacionalmente, o
governo de Lisboa ficou livre na sua política africana. Por motivos de força
maior, Portugal rapidamente passou de uma fase liberal em relação aos
nativos, ao comércio e à administração, para um novo “sistema colonial”, que
visava assegurar as receitas necessárias à administração dos territórios e,
eventualmente, beneficiar a metrópole.
Todavia, na conferência de Bruxelas (1889-1890) o império português já
havia sido questionado por outras nações sobre sua política colonial e
“civilizatória”, sendo acusado por vários relatórios internacionais de manter e
até promover em seu território colonial práticas abusivas de trabalho forçado
dos nativos em moldes escravocratas e reprimir a resistência dos nativos nas
guerras colônias em níveis de violência não mais admitidos pela comunidade
internacional que agora definia novas práticas colonizadoras para a África
partilhada. As pressões internacionais resultaram também de comparar,
desfavoravelmente, os “padrões” de civilização do império português com as
normativas promovidas internacionalmente, desde as duas primeiras
conferências. No fim, os objetivos, ao menos explícitos, das conferências eram
o estabelecimento de regras para a liberdade comercial, igualdade de
condições para os capitais concorrentes e uma atuação “humanitária” no
continente.
Dado as regras, Portugal fez questão de desobedecê-las. Em verdade,
todas as nações europeias também não seguiam suas regras fielmente, mas
dentro do jogo de poder internacional, Portugal já estava fragilizado. Assim, a
questão do trabalho forçado dos nativos assumiu a mais alta importância na
configuração de uma nova economia política imperial, associada à turbulenta
abolição do tráfico e aos esforços de criação de “Novos Brasis” na África.
Caracterizada por uma retórica civilizacional fortemente “racionalizada”, os
projetos imperiais de Portugal no século XIX atribuíram à formação de um
“sistema” de trabalho nativo uma importância central entre o conjunto das suas aspirações.
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