Português, perguntado por vitorsilvalove5955, 1 ano atrás

A questão se refere ao poema de Astrid Cabral, reproduzido a seguir.


Natal


Queimou-se a palha

desvaneceu-se a gruta

apagou-se a estrela.

Onde Jesus na orgia

de tanta falsa luz?

Desertas as igrejas

repletas as lojas.

Tangem sinos em surdina

enquanto alto tilintam

caixas registradoras.

Sob fitas cujos laços

não enlaçam os corações

— duros que nem moedas —

montanhas de embrulhos

que a fé não remove.

No calvário do exílio

pinheiros moribundos

sob um carnaval precoce

murcham ao peso de lâmpadas

bolas rabichos de prata!

A alegria bem talhada

pelo figurino do consumo

enquanto a sede do vinho

e a fome do pão habitam

os lares de outros cristos.

Vagas de náusea solapam-me

a mesa cintilante e farta

onde o açúcar cristal

tornou-se vidro moído.

E eis que minha alma náufraga

l

Soluções para a tarefa

Respondido por luanaraquel137
7
vc n colocou a pergunta mas vamos la, o que o autor deve querer saber e qual funcao de linguagem q predomina ai q no caso deve ser a poetica
Respondido por Natalinha15
12

Nos versos finais há três imagens fortes que exprimem o sentimento do sujeito lírico: 1 – “o açúcar cristal tornou-se vidro moído” (interpretação possível: nos excessos da mesa natalina, o açúcar, ingrediente dos doces destinados ao prazer do paladar, provoca a dor e o sofrimento do eu lírico, que pensa nos “outros Cristos” que padecem de fome); 2 – “alma náufraga” (interpretação possível: em meio à exaltação e à alegria da festa, a alma do eu lírico sucumbe, naufraga, afoga-se na tristeza, ao pensar nos “lares de outros Cristos); “lá se vai também murcha junto / às passas de Málaga” (interpretação possível: em contraste à expansão festiva, à exultação, o sujeito lírico se recolhe, se encolhe, murcha como as uvas-passas)

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