A prosa portuguesa, que ensaia literariamente seu aparecimento em fins do século XIV e princípios do século seguinte, surge representada, nessa primeira época, pelas novelas de cavalaria e pelos tratados doutrinais de caráter religioso; uma, literatura de ficção, importada; outra, literatura apologética e didática; aquela, mais importante do que esta, do ponto de vista estético: mas, ambas, produção anônima. Embora tenhamos notícia da existência de livros de cavalaria escritos em português, hoje perdidos e alguns esperando sair do ineditismo sepulcral das bibliotecas, dessa primeira época literária só podemos mencionar A demanda do Santo Graal, pois o Livro de José de Arimateia permanece inédito na Torre do Tombo; do Merlin, bem como do Tristão, apenas se sabe terem existido na livraria do rei D. Duarte, e a novela do Amadis de Gaula só a conhecemos através da versão espanhola de 1508, feita por Garci Ordóñez de Montalvo, não obstante pareça tratar-se de tradução decalcada sobre um original português.
A demanda do Santo Graal, cujo autor revela consistir em uma tradução de um original francês, não exprime com absoluta pureza os ideais da vida cortesã guerreira e sentimental da cavalaria medieval, pois a sua arquitetura e o seu espírito aparecem comprometidos por um simbolismo religioso heterodoxo [...]. O fato de Galaaz – o cavaleiro eleito de Deus – recusar constantemente os combates cavaleirescos, que põem à prova apenas a força pessoal, e o fato de Lancelote – considerado a fina flor da cavalaria universal – não ter sido aceito na câmara do Santo Graal, em virtude de seus amores clandestinos com a rainha Genebra (mulher do rei Arthur), revelam a intenção ascética do autor da novela a condenar a cavalaria pela cavalaria e reprovar pela base a galanteria palaciana.
Tal simbolismo não se revela no Amadis de Gaula [...]. Amadis é o protótipo criado pela cavalaria medieval, o cavaleiro em pleno exercício de suas façanhas, liquidando monstros e malvados, tendo como fulcro de suas aventuras o objeto amado, e amando segundo o ritual e o espírito que vivificou as cortes da Europa feudalizada.
apologética: que encerra justificativa, defesa ou louvor a algo.
ineditismo: não publicado ou impresso; nunca visto pela maioria das pessoas.
heterodoxo: oposto aos ou desviado dos princípios doutrinários.
ascética: prática de devoção e penitência.
fulcro: suporte, apoio, amparo.
O texto transcrito anteriormente afirma que:
_A) é no fim do século XIII e início do século XIV que surgem as novelas de cavalaria e a prosa doutrinária.
_B)só a partir do fim do século XIV e início do seguinte é que se pode falar de prosa literária em Portugal.
_C)os tratados doutrinais de caráter religioso são literatura de ficção, e as novelas de cavalaria, literatura apologética e didática.
_D)os tratados doutrinais de caráter religioso são importados, isto é, não têm origem portuguesa.
_E)a literatura didática é mais importante que a literatura de ficção nesse período.
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Resposta:
letra b)
Explicação:
Segundo o autor, a prosa literária portuguesa surge no final do século XIV com as novelas de cavalaria.
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