A proclamação da república contou com a participação direta e decisiva de militares quais foram as foram as principais motivos que impulsionaram a afastar do Dom Pedro segundo do poder
Soluções para a tarefa
Juntamente com a agitação abolicionista da década de 1870, chegou também ao Brasil a propaganda republicana. Durante a década de 1880, a ideia de Repúblicaangariou simpatizantes no país, mas em número menor que o abolicionismo, e num ritmo muito mais lento. Somente após o fim da escravidão, ela entrou na ordem-do-dia. Os primeiros a engrossar as fileiras do novo grupo foram os cafeicultores, revoltados com a monarquia. Responsabilizavam o governo imperial pela perda dos escravos, sem indenização.
Depois da Lei Áurea, de13 de maio de 1888, os líderes do setor cafeeiro rapidamente se uniram aos idealistas do Partido Republicano, fundado havia quase duas décadas. Até então, a agremiação contava apenas com militantes jovens e idealistas. Mas o partido não decolou. Durante dez anos, seu desempenho eleitoral foi pífio: não conseguia eleger seus candidatos à Câmara e ao Senado.
Escravos no exércitoEntretanto, durante nos anos 1880, a política não era feita somente na Assembleia, mas também nos quarteis. O Exército foi uma instituição que saiu fortalecida daGuerra do Paraguai. Literalmente, os soldados tinham sido os salvadores da pátria. Para a tarefa, contribuíram milhares deescravos incorporados às tropas. Os negros formaram a maioria dos batalhões brasileiros naquele momento.
Para não morrer nos campos de batalha, os aristocratas tinham o direito de mandar os escravos em seu lugar. Além disso, para aumentar o número de recrutas, o governo ofereceu liberdade aos escravos que fossem guerrear. Aproximando-se dos soldados nas dificuldes da guerra, os oficiais desenvolveram simpatia pelo abolicionismo. Com isso, mais um elemento veio afastar o Exército da monarquia.
Oficiais sem dinheiro nem prestígioOutro motivo de insatisfação com o governo era a origem social da maioria dos comandantes: as classes sociais médias. Para seus membros, a carreira militar parecia uma oportunidade de subir na vida. Entretanto, os oficiais estavam ganhando pouco. Além disso, não tinham sequer a contrapartida do prestígio social ou do poder político.
Nessas circunstâncias, uma grande solidariedade conquistou a oficialidade do Exército, unindo-a entre si e com as tropas e evidenciando diferenças entre o militar e o civil. Nos quarteis, o poder dos civis logo passou a ser questionado. Em 1886, as opiniões dos militares chegaram às ruas através dos jornais.
A Questão Militar
No Piauí e no Rio Grande do Sul, respectivamente, os coronéis Cunha Matos e Sena Madureira atacaram o ministro da Guerra, Afredo Chaves, um civil. Estava aberta uma série de desentendimentos com o governo, que ficou conhecida como Questão Militar.
O Império puniu com a prisão os dois coronéis, lembrando que, de acordo com a Constituição, a participação na política interna do Brasil não era um dever do Exército. Em 1887, depois de outros atritos entre os militares e o Ministério da Guerra, foi fundado o Clube Militar, uma entidade que passou a funcionar como órgão político e porta-voz da categoria. Para a sua presidência, elegeu-se uma das maiores lideranças militares do país: o marechal Deodoro da Fonseca
Na queda de braço do coronel Sena Madureira com o ministro da Guerra, Deodoro tinha ficado ao lado do coronel. Desde então, passou a ser cortejado tanto pelos oficiais insatisfeitos com a monarquia, quanto pelos republicanos. Como militar, efetivamente não aprovava as atitudes do governo em relação aos militares. Mas não identificava o governo com a monarquia, nem com a pessoa do imperador - a quem respeitava e de quem era amigo.
Propaganda republicanaPara a maioria dos militares, o Império talvez devesse chegar ao fim, mas a República podia esperar pela morte de Pedro 2º O respeito ao "velhinho" retardou o rompimento definitivo entre os oficiais e a monarquia. Por isso, a ação dos grupos republicanos ligados aos cafeicultores passou a atacar o imperador através de sua herdeira, a Princesa Isabel.
A sucessão e o futuro reinado foram transformados em fantasmas assustadores pela propaganda republicana. A ideia de uma mulher no trono causava arrepios na mentalidade machista da época. Para piorar, pairava sobre a princesa Isabel a figura do conde D'Eu, antipático e estrangeiro. Em surdina, começou a conspiração que iria derrubar a monarquia.