a primeira doença humana associada como a gente filtrável e foi a febre amarela?
Soluções para a tarefa
Resposta:
sim
Explicação:
O novo Coronavírus captura, com toda razão, a atenção e apreensão mundiais, devido à avassaladora pandemia que está provocando. Ele, no entanto, é apenas um entre os mais de 200 vírus que infectam ou infectaram seres humanos, com maior ou menor letalidade[I]. É possível que a história do SARS-COV-2 venha no futuro a ser considerada como única, bem diferente da de outro vírus do gênero Flavivírus, causador da febre amarela e o primeiro vírus descoberto, há mais de um século. No entanto, tal como vem sendo especulado de que o mundo não será o mesmo depois da atual pandemia, os mundos de muitos países de fato se modificaram com as epidemias de Febre Amarela durante o século XIX e começo do século passado. Em particular no Brasil. Essa história é contada e recontada em diferentes espaços, desde divulgação científica, até romances, como Sonhos Tropicais de Moacyr Scliar ou Romance bandalho de Eustáquio Gomes. Na divulgação científica podemos ficar com o Dossiê especial da Revista Comciência[II], que, não por coincidência, foi publicado no ano do pior surto da doença por aqui em mais de 50 anos: 2017. Para o leitor mais apressado, o artigo Mosquitos e suas doenças[III], do mesmo Moacyr Scliar de um dos romances acima, fornece um conciso e preciso panorama da febre amarela. E vislumbramos que epidemias não são só uma questão de, como no caso da febre amarela, identificar o transmissor (um mosquito), sua causa (um vírus) e a profilaxia a partir desses conhecimentos. A história é muito mais complexa, mas podemos contá-la a partir do mosquito, ou melhor, lendo as comunicações científicas de dois personagens da história que do mosquito desconfiavam: Carlos Finlay (1833-1915) e Walter Reed (1851-1902).
Carlos Juan Finlay era cubano, filho de pai escocês e mãe francesa e formou-se em medicina na Inglaterra, onde teve contato com defensores da Teoria Microbiana das Doenças[IV], segundo a qual muitas doenças seriam causadas por microrganismos, os patógenos, transmitidos de diferentes formas. Voltou a Cuba, então colônia da Espanha, onde surtos de Febre Amarela eram recorrentes. Finlay debruçou-se sobre o assunto, até que apresentou, na Conferência Sanitária Internacional de 1881, sua hipótese de que a doença seria transmitida por um mosquito do gênero Aedes. Sua palestra foi publicada no The New Orleans Medical and Surgical Journal (1881/82, vol. ix, p. 601-16, fevereiro de 1882). Esse artigo foi reproduzido nos anos 1930 no Yale Journal of Biology and Medicine e lá o acesso ao “O mosquito considerado hipoteticamente com um agente na transmissão do veneno da Febre Amarela” é aberto a qualquer leitor[V]. A leitura é instigante, como quando lemos uma carta bem escrita, ou até um diário, texto pouco parecido com o que hoje chamamos de artigo científico.
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Carlos Finlay e trechos de seu artigo de 1881
Finlay inicia sua palestra mencionando o estado da arte da pesquisa sobre febre amarela na época e declara sua posição: “Eu tive razões para me convencer da natureza insustentável de qualquer teoria que possa atribuir a origem ou propagação da febre amarela a influências atmosféricas, miasmáticas ou meteorológicas”[VI]. O médico cubano também adverte que
“o assunto desse trabalho não tem nenhuma relação com a natureza ou forma na qual o fator morbígeno da febre amarela existe. Em relação a isso eu limito minhas opiniões à seguinte afirmação: eu admito a existência de uma causa material transportável, que pode ser tanto um vírus amorfo, um germe animal ou vegetal, bactéria, etc,etc., mas que consiste em todos os casos de algo tangível, que deve ser comunicado do doente ao saudável para que a doença se propague.”
E é exatamente sobre o transporte que trata a investigação: “finalmente, em função de várias razões que seriam inúteis de serem relatadas, perguntei-me se não seria o mosquito que transmitiria a veneno da febre amarela”. E aí começa o relato de fato.
Resposta:
Voltou a Cuba, então colônia da Espanha, onde surtos de Febre Amarela eram recorrentes. Finlay debruçou-se sobre o assunto, até que apresentou, na Conferência Sanitária Internacional de 1881, sua hipótese de que a doença seria transmitida por um mosquito do gênero Aedes.