História, perguntado por Endyjubileu, 1 ano atrás

a primeira constituição republicana, criada em, 1891, promoveu varias mudanças no sistema político brasileiro.Uma delas foi a exclusão do críterio censitário, previsto na constituição em 1824 para determinar quem tinha direito ao voto. Essa mudança, porém, não significou ampliação da participação política. Explique por que isso ocorreu.

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Respondido por karemeliza20133
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Quem disse que não houve ampliação? 

Está certo. Realmente não houve ampliação. 
Pelo contrário, o eleitorado até se retraiu. 

Até 1881, o sistema de votação era feito em 2 fases. 
Na primeira, compareciam os "eleitores de paróquia", selecionados segundo CRITÉRIOS LOCAIS (que variavam em cada município), para eleger os "eleitores de província" que, estes sim, podiam votar e ser votados para a Assembleia Geral, desde que tivessem o mínimo de posses e renda para isso. 
Assim, ao suprimir a 2a fase de votação, a reforma de 1881 simplificou o sistema eleitoral. O censo foi reduzido, mas muitos eleitores de 1a fase acabaram ficando de fora. 
(eram geralmente eleitores de vilas isoladas, proprietários sem muita cultura, ou analfabetos, que não tinham participação plena já que só votavam, não podiam ser eleitos) 

Em 1889, a República mudou de novo o sistema, com a adoção do sufrágio universal - ou seja, sem a exigência do censo, a verificação de um mínimo de bens ou renda anual. 
(essa mudança veio ainda em 1889, via decreto, e depois foi confirmada pela Constituição de 1891) 
Foi um salto precoce. 
Naquele momento, eram poucos os países que tinham adotado o sufrágio universal masculino: França, Suíça, Dinamarca, Alemanha, Grécia, Nova Zelândia, Estados Unidos - exceto em alguns estados do sul). 
A ampliação de voto para todos, inclusive os mais pobres, era vista ainda como um fator de instabilidade social. 

Mas o que aconteceu no Brasil foi diferente. 
A ausência de um registro eleitoral independente e eficaz fez com que os grupos políticos dos estados começassem a lutar entre si para manipular o processo eleitoral de várias maneiras. 
Intimidação de eleitores, capangas armados, registros fantasmas, falsificação de atas, anulações de eleições, e até roubo de urnas eram comuns em todos os pleitos em que não houvesse, antes, um consenso sobre quais deveriam ser os candidatos eleitos. E para ter certeza disso, o voto não era secreto; cada eleitor tinha que declarar o voto em voz alta, e sua intenção era registrada em ata. 

Resultado: já que a eleição não era um processo confiável, as disputas eram resolvidas por intensas negociações prévias, em que era decisivo o "cacife" (apoio) de cada postulante. 
Sem esse consenso, seriam decididas pela força (como aconteceu em quase todos os estados até 1898). 

É natural em que em sistema assim, o cidadão não fosse estimulado a participar de um pleito cujo resultado já era conhecido de antemão. 
Além disso, estavam excluídos do sistema os analfabetos, as mulheres, os recrutas, mendigos e religiosos regulares. 
(é importante observar que, com todas essas exclusões, ainda restava um percentual de cidadãos formalmente aptos a votar, mas o comparecimento às urnas sempre foi muito menor) 

Portanto, muito mais significativo que os impedimentos legais, era a ineficiência do sistema eleitoral que explica a não participação de eleitores (ainda que as disputas políticas envolvessem a imprensa e boa parte da opinião pública). 
Os demais países sul-americanos também tinham sistemas políticos que, mesmo com a adoção do sufrágio universal, continuaram a ser regulados por negociações e disputas dentro das oligarquias.


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