A Prensa Real fabricada em 1456 foi importada para o Brasil trazendo avanços para a imprensa no país.
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Resposta:
O Observatório da Imprensa exibido na terça-feira (18/12) pela TV Brasil apresentou a terceira e última parte da série sobre os impactos da chegada da família real ao país, ocorrida em 1808. Participaram do programa pelo estúdio do Rio de Janeiro as historiadoras Isabel Lustosa e Mary Del Priore e, em São Paulo, o professor e escritor Antonio Fernando Costella.
A historiadora Mary Del Priore é doutora pela USP e escreveu mais de 25 livros sobre História do Brasil. O mais recente, O Príncipe Maldito, conta a história do herdeiro da família imperial escolhido para suceder o avô Dom Pedro II, último imperador do Brasil. Isabel Lustosa é doutora em Ciência Política pelo IUPERJ, pesquisadora da Casa de Rui Barbosa e especialista em história da imprensa brasileira e sátira política. Escreveu D. Pedro I – Um herói sem nenhum caráter. Antonio Fernando Costella, escritor, foi professor universitário por mais de três décadas. Publicou mais de 30 livros entre obras técnicas nas áreas de Direito e História da Comunicação e da Arte e literatura.
A presença da Corte no Rio de Janeiro obrigou o Brasil a modernizar-se. Em pouco tempo, a colônia atrasada, onde não era permitido qualquer tipo de impressão por ordem do Rei, passou ser sede do reino. A partir da necessidade de a Corte comunicar-se com os súditos, D. João VI criou a Impressão Régia. A primeira tipografia brasileira publicou alguns livros e decretos até que, em 10 de setembro de 1808, lançou a Gazeta do Rio de Janeiro. O jornal era redigido por frei Tibúrcio José da Rocha, um frade franciscano, e publicava atos do governo, notícias sobre a Europa traduzidas de jornais portugueses e ingleses, e notas sobre o cotidiano da cidade. Desde agosto do mesmo ano, já circulava clandestinamente no Rio o Correio Braziliense, redigido pelo jornalista gaúcho Hipólito da Costa, em Londres. A publicação pretendia difundir no Brasil e em Portugal as idéias que circulavam na Europa. Os dois periódicos atuavam em planos diferentes, mas eram complementares.
‘De maio de 1808 até setembro de 1822, nasceu uma nação. Em apenas 14 anos aquele imenso território, descoberto pouco mais de 300 anos antes, transformou-se em país. O imenso salto foi facilitado por muitos fatores, mas a imprensa foi decisiva, fundamental. A imprensa oxigenou aquele ambiente sufocado pela censura. A imprensa trouxe idéias, aproximou o país do mundo, estimulou as ciências e a cultura’, disse Alberto Dines no editorial que precedeu o debate ao vivo [ver íntegra abaixo]. Para o jornalista, os dois periódicos são, de certa forma, os pais da imprensa brasileira. ‘O nosso país é uma criação de uma prensa tipográfica. Isso não pode ser esquecido.’
Dois marcos controversos
A historiadora Mary Del Priore analisou a função da Gazeta do Rio de Janeiro na vida da cidade. Para ela, foi fundamental o seu papel de observador social das modificações que o país passou a partir de 1808. A Gazeta teria captado a efervescência das mudanças econômicas, culturais e educativas e também no perfil da venda de produtos de consumo. Na opinião da historiadora, por intermédio dos anúncios desfilaram pelo jornal diversas ‘fisionomias’, oferecendo itens até então raros na colônia, como aulas de dança, equitação e pintura com mestres estrangeiros.