História, perguntado por souzalorenzo116, 9 meses atrás

A política do pão e circo consistia em oferecer comida e diversão à população. Qual era o motivo do governo romano utilizar tal política

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Respondido por isabelafigueiredo37
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Resposta:

Até metade do século XX, pesquisadores e historiadores acreditavam que essa política havia sido criada como uma medida de manipulação de massas, onde a aristocracia incentivava a plebe de certa forma ficar desinteressada em política e dar atenção somente para prazeres como a comida, através do pão, e o divertimento, retratado pelo circo.[1]

No entanto, tal visão pode ser considerada elitista e inverossímil, pois os historiadores ao estudar tal assunto se prendiam muito a documentos produzidos pela aristocracia romana, os quais tinham uma visão pejorativa da plebe. Desse modo, a partir da segunda metade do século XX alguns historiadores e arqueólogos começaram a buscar e descobrir mais informações sobre tal camada e a real influência do pão e circo sobre a plebe.[2]

Com base nessas novas informações, foi possível entender um pouco da política em relação à população romana, desenvolvendo um novo conceito e simultaneamente desconstruindo o antigo. Assim, o entendimento de tal política se torna de vital importância para que a história do Pão e Circo seja entendida como um todo e não somente a partir de uma única visão.[3]

O surgimento da expressão “Pão e Circo” Editar

Os historiadores acreditam que a expressão “Pão e Circo” foi usada pela primeira vez durante a administração Caio Graco pelo poeta satírico Juvenal em suas Sátira[4]. Nascido em uma família de aristocratas, suas obras além de imbuídas de fortes valores morais, demonstram certa aversão para com a plebe romana[5]. Uma teoria alega que a causa desse repudio seja a pobreza que acometeu Juvenal em sua velhice tendo que se tornar um cliente, algo visto como um estatuto de inferioridade pela aristocracia romana[5]. Juvenal descreve a plebe como viciada, apática e dependente do pão e do circo dado pelo Império Romano, por esse motivo alguns historiadores acabaram utilizando dessa expressão para designar o controle da plebe pelos imperadores feito através do pão (distribuição do trigo) e do circo (espetáculos)[6].

Do passado ao presente: A mudança da visão sobre a política do “Pão e Circo” Editar

A historiografia, principalmente do século XIX e início do XX, acreditava que a plebe romana era sustentada pelo pão distribuído pelo Estado e divertida pelos jogos de gladiadores apresentados nos anfiteatros[7]. Jérôme Carcopino, em sua obra A vida cotidiana: Roma no apogeu do Império argumenta que a plebe romana era controlada por meio de lazeres e diversão, para que assim não tivesse tempo livre para pensar em revoltas contra os Imperadores[8]. Essa foi a principal ideia aceita pelos historiadores, que utilizavam como fontes discursos e obras escritas pela elite romana, que carregavam uma visão bastante pejorativa sobre as pessoas pobres[9]. Carcopino afirma que, por ter muito tempo livre e por ser ociosa, a plebe poderia revoltar-se contra o governo, e para que isso não ocorresse era necessário criar políticas, como a do pão e circo, para mantê-la sob controle[10]. Sem vontade própria, a plebe seria despolitizada, menosprezando a terra em que trabalhava[11]. Além de ter tendência à agressividade, sendo vista como sanguinária, afirmando que elas gostavam e apoiavam as lutas de gladiadores, essas pessoas, por não terem nada para fazer durante o dia, utilizavam do anfiteatro para festejarem e ocuparem seu tempo, nos anfiteatros as lutas de gladiadores serviam para entreter a população, em geral esses gladiadores eram pobres, escravos e bandidos e, ao participar dos jogos de luta, aceitavam o risco de perder a própria vida para que a população se divertisse[12]. Mas alguns historiadores do século XXI discordam dessa interpretação, pois para eles os anfiteatros também eram utilizados para o Imperador e o povo se confrontarem e defenderem as suas necessidades[13]. Dessa forma, a elite seria responsável pela política do pão e circo, pensada no intuito de coibir possíveis revoltas. Entre os historiadores dessa vertente interpretativa, encontram-se Theodor Mommsen, Julius Friedländer, Montesquieu, Jérome Carcopino, Jean Noël Robert, Howard Scullard e Pedro Paulo Funari[14].

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