A Pipoca
A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais
competente com as palavras do que com as panelas.
Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de
"culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho
de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.
As comidas, para mim, são entidades oníricas.
Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca
iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.
A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira
deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela
mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas ideias começaram a estourar como pipoca.
Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca
que estoura, de forma inesperada e imprevisível.
A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas,
as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. [...]
Rubem Alves
1 – De acordo com o texto, o autor tem escrito mais sobre comida do que cozinhado porque
a) ele se considera melhor escrevendo do que cozinhando.
b) para cozinhar é preciso ter tempo e ele não tem.
c) não há nada que o fascine na culinária.
d) nunca se atreveu a cozinhar nada.
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Resposta:
Letra a) ele se considera melhor escrevendo do que cozinhando
Explicação:
"O fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.
Por isso tenho mais escrito sobre comidas"
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