A pintura feita pelas mulheres mais velhas e experientes não se consegue distingue começo e fim, por quê? (é sobre os asurini)
Soluções para a tarefa
A aplicação dos desenhos decorativos - existentes abstratamente em uma superfície supostamente infinita e imaginária - sobre formas determinadas e restritas se dá por meio de técnicas que permitem preencher quesitos formais e de estilo. Essas técnicas são a ampliação, que permite aumentar as dimensões do desenho, especialmente na execução do padrão tamakyjuak (losangular); a extensão, que se realiza pela repetição contínua ou variação de uma unidade elementar do padrão, geralmente usada na execução do padrão tayngava (grega); a repetição simétrica de módulos geométricos e o recorte, operação que destaca uma região do desenho infinito, como no caso dos motivos kumandã (curvilíneo) e huiapet.
A ordenação dos espaços para os Asurini não são os espaços luminosos que delineiam as figuras, mas sim os espaços negros entre eles. A geometrização e a totalização do espaço como modo de percepção visual são as tendências que definem o desenho Asurini.
Tayngava : padrão, imagem, réplica, imagem do humano.
A tradução da palavra ayngava (raiz = ayng; ave a) = formador de circunstância) é replica, medida, imagem. Por exemplo: a estilização de uma ave (uirâ) em um objeto ritual feito de taquarinhas encapadas de algodão chama-se uiraraingava (imitação, imagem de uirâ); o desenho de um homem é avaraingava (ava = gente); um pedaço de pau que serve de medida para marcar a planta de uma casa no chão é ayngava. Acrescida do prefixo "t" (forma gramatical que indica possuidor humano), significa "imagem do ser humano".
No processo de aprendizagem do desenho geométrico, a forma tayngava é o "a-e-i-o-u" dos Asurini. As meninas, treinam desde pequenas a desenhar o tayngava, a figura elementar da grega.
Tayngava é também o nome de um boneco feito de taquarinhas encapadas de algodão, figura antropomórfica, usada pelos xamãs e auxiliares em rituais xamanísticos. O traço mínimo do padrão de desenho tayngava pode ser considerado o braço/perna desta figura, como indicam as mulheres Asurini ao identificá-la. Esse elemento ritual está relacionado à noção de ynga (princípio/substância vital) compartilhada por espíritos e humanos e manipulada pelos xamãs.
O tayngaua representa, na verdade, uma noção básica da filosofia Asurini: a noção de que a representação/imagem é constitutiva do ser e de que a pessoa humana se constitui do princípio vital ynga e de sua representação/imagem, os quais, simultaneamente, conferem a unidade do ser humano/vivente.