"A passagem do mito para o logos."
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A passagem do mito ao logos
No pensamento Ocidental a Filosofia nasceu na Grécia entre os séc. VII e VI A.C., promovendo a passagem do saber mítico [alegórico] ao pensamento racional [logos]de forma gradativa e sem rompimento brusco.
Mitologia Grega
...”conjunto de lendas e crenças que, de modo simbólico, fornecem explicações para a realidade universal.”
(Cotrim; Fernandes, 2013)
Deuses:
[Zeus, Hera, Ares, Atena],
entre outros.
Heróis ou Semideuses: [Teseu, Hércules e Perseu], entre outros.
O mito de Édipo, rico em significados, é um exemplo disso. Na Antiguidade, Sófocles [496 a 406] utiliza na tragédia grega Édipo Rei, para uma reflexão sobre as questões da culpa e da responsabilidade dos indivíduos perante as normas e tabu. (leia no boxe a seguir um resumo, P.204)
Pólis e Razão
O historiador francês Pierre Vernant (1914 – 2007) afirma que o momento histórico da Grécia antiga em que se afirma a utilização do logo [a razão] para resolver os problemas da vida estaria vinculado ao surgimento das Pólis, cidade-estado Grega.
A polis foi uma nova forma de organização social e política, desenvolvida entre os séc. VIII e VI A.C., na qual os cidadãos passaram a dirigir os destinos da cidade. Entendida como a criação dos próprios cidadãos e não dos deuses, a Pólis podia ser explicada e organizada de forma racional, isto é, de acordo com a razão.
Debate em praça pública
Contribui para o raciocínio bem formulado e convincente sobre todas as coisas.
Uma das características da Polis Grega.
Para Vernant: “a razão grega é filha da polis, e o nascimento da Filosofia relaciona-se de maneira direta com universo espiritual que então surgiu:”
A palavra torna-se o debate contraditório, a discussão, a argumentação.
Preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos de poder.
A arte política é essencialmente o exercício da linguagem.
A passagem do mito para o logos é a passagem de uma forma de compreender o mundo largamente baseada na tradição e na autoridade para uma forma baseada na crítica e na razão, de modo que marca a ascensão do racionalismo e a decadência do obscurantismo.
Aristóteles, importante pensador grego, dizia que a Filosofia (que, em sua época, era sinônimo de ciência, ou seja, conhecimento) havia nascido do "espanto", tendo a sua origem no momento em que o primeiro homem se deparou com algo que era explicado pela mitologia e rejeitou esta explicação, exigindo uma explicação racional para os fenômenos do mundo natural.
Neste sentido, podemos dizer que toda a história da humanidade e todo o progresso cultural pelo qual passamos é uma luta entre mito - ou obscurantismo - e logos, luta que tem avanços e retrocessos, de modo que em algumas épocas vemos grande progresso e avanço social e, em outras, mais obscurantistas, terríveis violências e tentativa de impor dogmatismo e fanatismo no lugar da verdade.
Mais sobre o mito em:
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