A partir de nossas aulas, sabe-se que as imagens são textos visuais. Nesse sentido, ao criar em design, é imprescindível que o profissional tenha repertório visual, que seja capaz de decodificar as referências imagéticas que lhe servem de base para a criação. Assim, a leitura de imagem é fundamental para a compressão de todas as informações contidas nas referências visuais. Existem diversas metodologias de leitura de imagem, uma delas é denominada de Fases do Desenvolvimento Estético. Essas fases foram desenvolvidas por Rossi (2009), baseada em pesquisas de Housen (1983) e Parsons (1992). Esse método conta com cinco fases: 1° descritivo narrativo, 2° construtivo, 3° classificativo, 4° interpretativo e 5° recreativo.
FONSECA, Annelise Nani da; PEREIRA, Clauciane; VALLIM, Cibelle; FONSECA, Carina Seron da;.Processo Criativo.Maringá - PR.:Unicesumar, 2019.(adaptado)
Diante do exposto, elabore um texto dissertativo apresentando as características de cada uma das cinco fases do Desenvolvimento Estético.
Soluções para a tarefa
Resposta:
1º estágio: Descritivo
No primeiro estágio proposto por Housen encontram-se leitores pouco habituados com as artes. Em geral, impressionam-se pelo tema da obra, manifestando interesse pelas formas e cores e detalhes que mais chamam a atenção, elegendo alguns para análise. Para esse tipo de leitor, a obra tem vida própria, comportando-se como o narrador de um filme, que gradativamente tece uma história relacionando partes da obra com experiências vividas anteriormente. Muitas dessas histórias têm como ponto de partida a obra, mas acabam seguindo uma trajetória completamente distante da imagem que a gerou.
A pergunta frequentemente feita pelo leitor do 1º estágio é o que é isto? Suas respostas tendem a satisfazer essa pergunta de forma concreta: é isto, é aquilo, etc..
2º estágio: Construtivo
O segundo estágio apresenta um leitor capaz de relacionar as partes de uma imagem com o todo, percebendo uma hierarquia entre os elementos. Esse leitor reflete acerca de sua própria vida e tenta relacionar a obra de arte com sua experiência de mundo anterior, buscando o significado da obra dentro de certos padrões aceitáveis em seu meio.
A pergunta fundamental do 2º estágio é como isto é feito? A partir daí começa uma preocupação com as propriedades formais da obra, levando em consideração o julgamento sobre a técnica que o artista empregou, o que tornará o quadro bem feito ou não. A acuidade fotográfica do artista em retratar o ambiente, a dificuldade e o tempo despendido também são levados em consideração.
3º estágio: Classificativo
O leitor classificativo busca compreender a obra a partir de um contexto de informações, presentes tanto na imagem quanto na história da arte. Esse leitor busca um diagnóstico da obra (ROSSI, 2006), buscando pistas e informações para decodificá-las na busca da compreensão da imagem. As perguntas que servem de base para esse leitor são quem e por que, que lhe dão subsídios para a análise proposta.
Nesse estágio o leitor ainda possui um lado subjetivo e arbitrário, embora seja mais objetivo na análise, mas já tem habilidade suficiente para retirar da própria obra os elementos para a interpretação, diferente do leitor dos dois primeiros estágios.
4º estágio: Interpretativo
No quarto estágio o leitor baseia sua interpretação tanto nas informações da imagem, como também na própria intuição e na memória. As emoções ressurgem para proporcionar um entendimento global da obra, levando em consideração suas sutilezas. Os aspectos afetivos tomam o lugar de uma análise mais rigorosa.
O leitor interpretativo é menos rigoroso que o classificativo e a pergunta frequente é quando? "Não no sentido de contextualizar ou classificar o trabalho, mas para saber quando os sentimentos gerados pela obra aparecem ou reaparecem". É comum nesse estágio o uso de verbos ativos e expressões e metáforas poéticas.
5º estágio: Re-criativo
O último estágio apresenta um leitor muito familiarizado com arte, com grade experiência na análise de obras e que possui uma criticidade e postura extremamente desenvolvida. Esse leitor já possui conhecimento anterior sobre a obra analisada, e é capaz de ler a imagem em diferentes níveis, levando em conta jogos visuais, ambiguidades e paradoxos.
Nesse estágio já não há uma pergunta central que guia a atividade do leitor, mas uma inter-relação entre todas as outras perguntas: o que, como, que, por que e quando. A partir do momento que o leitor busca reconstruir, a partir da sua experiência estética, a obra apresentada, ele consegue unir a imagem no seu próprio ato de re-criação.
Explicação:
Artigo: "Os Estágios Do Desenvolvimento Estético Segundo Abigail Housen" por Lidiane Dutra, Ana Zeferina Ferreira Maio e Rita Patta Rache