Filosofia, perguntado por mandyfbt, 9 meses atrás

A partir da leitura do texto "Apologia de Sócrates",explique de que forma Sócrates comprova a tese do oráculo de Delfos? (Explicar as 3 etapas)
Me ajudem por favor!!

Soluções para a tarefa

Respondido por elamambretti
3

Na Apologia, a sentença do oráculo foi decifrada. Sócrates sabe que não sabe, e por isso, pergunta, verificando, ao longo do diálogo, que sua sabedoria, em relação aos interlocutores, consistia em saber que não sabia, ao passo que os interlocutores não sabiam e ignoravam que ignoravam, quer dizer, não sabiam e não sabiam que não sabiam. A Sabedoria de Sócrates consiste, pois, na consciência da própria ignorância.

O diálogo socrático inclui três momentos: 1. a ironia, 2. a maiêutica e 3. a indução ou definição.

1- a ironia

É o debate sobre um assunto determinado. Pela palavra, procura-se alguma coisa que está além da palavra, mas que a palavra pode revelar, a essência das coisas, o universal.

Quer se trate da beleza, da virtude, da justiça, da amizade, o propósito é procurar em comum, aquilo que não se conhece e se deseja conhecer, a essência que permanece em todas as suas diferentes formas ou manifestações. Assim, como admitir que o militar não saiba o que é a coragem, o poeta a poesia, o sacerdote a piedade e o homem de Estado a justiça?

Personagens importantes, presumidamente competentes nos diversos ramos do saber, eram compelidos a confessar publicamente sua ignorância, a propósito daquilo que, por dever de oficio, tinham obrigação de saber.

A ironia revelava, ao longo do diálogo que, o que confessava não saber, sabia ao menos que não sabia, ao passo que o pretenso sábio, além de não saber o que devia saber, ignorava que ignorava.

2. a maiêutica

A consciência do não saber, pela revelação do falso saber, torna possível o verdadeiro saber, ou o saber da verdade. O processo dialético, permite a contradição e que permite à ironia converter-se em maiêutica.

O mestre é tão vazio quanto o discípulo, e sua diferença está apenas na consciência desse vazio, que o discípulo não tem. Não se trata, portanto, de transmitir uma ciência prévia, da qual o mestre seria o portador e da qual teria, até então, o monopólio, mas de levar o discípulo a tomar consciência, primeiro, de que não sabia o que imaginava saber e, segundo, que sabia o que supunha ignorar.

Esta aporia, quer dizer, esta "sem saída" do conhecimento, se resolve para Sócrates, com a tese da reminiscência, quando conhecer é sempre lembrar-se, jamais conhecemos as coisas pela primeira vez, porque, ao imaginar que as estamos conhecendo, na realidade, as estamos re conhecendo, vendo-as pela segunda vez, pois o conhecimento não procede da experiência sensível, do contato com o mundo exterior, mas consiste no retorno das ideias que já se achavam na alma, nasceram junto com a alma, sendo, então, inatas.

Assim, é a função do mestre ajudar o interlocutor a lembrar-se do que sabe sem saber que sabe, a recordar-se do que havia esquecido. A função do mestre consiste em inquietar, despertar, destruir as falsas certezas, provocar a dúvida, suscitar a curiosidade.

O mal-estar que provoca, com o interrogatório, é comparável às dores do parto. Alguma coisa se agita no fundo da consciência, alguma coisa deve vir à tona, emergir, ao longo do árduo e difícil interrogatório. Assim como a parteira, o mestre ajuda o discípulo a dar à luz as idéias, as idéias que já se acham em sua alma.

3. a definição

Assim como a ironia já contém, a maiêutica, assim também a maiêutica já contém, implicitamente, a definição.

Se as ideias, as essências das coisas, não estão nas próprias coisas, mas em nós, adormecidas em nossa alma, e se conhecer é lembrar-se, ou recordar-se, então, na operação do conhecimento, a função da percepção sensível é sempre a percepção do particular e do contingente, que desperta, ou evoca, por similitude, ou analogia, a ideia do universal, que nela se acha refletida.

Nesse sentido, e embora o universal já se encontre em nossa alma, antes de qualquer contato com o mundo sensível, é esse contato que provoca sua lembrança, o que permitiria dizer que, é a partir do particular que se chega ao universal. A apreensão do universal não é fruto de uma intuição imediata, mas de um processo, de um diálogo.

Sócrates procurava ensinar a virtude que para ele era um problema de conhecimento, de ciência, uma vez que, só por ignorância do verdadeiro bem podemos fazer o mal. Assim, a virtude é o hábito de fazer o bem, o que é bom, o que é melhor para o homem.

A ética socrática, é, portanto, a ciência do que é bom para o homem, a ciência capaz de regular a conduta humana, orientando-a no sentido do bem. O que há de comum entre todas as virtudes é a sabedoria, poder da alma sobre o corpo, da razão sobre os sentidos, a temperança, ou domínio de si mesmo.

Bons estudos!

Perguntas interessantes