A partida
Acordei pela madrugada. A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução, acendi um fósforo: passava das três. Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco. Veio-me então o desejo de não passar mais nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor.
Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras... Que me custava acordá-la, dizer-lhe adeus?
LINS, O. A parda. Melhores contos. Seleção e prefácio de Sandra Nini. São Paulo: Global, 2003
No texto, o trecho “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...” produz um certo efeito. Qual? *
Soluções para a tarefa
Resposta: O narrador está em dúvida se vai ou não se despedir da avó. Esse sentimento de contradição fica mais claramente expresso nesse trecho, por meio das palavras "fugir" e "falar".
O narrador tem vontade de partir, mas hesita em se separar da avó que ficaria ali. Inicialmente, ele pensa em "Partir, sem dizer nada". Mas hesita, fica na dúvida: "Deveria fugir ou falar com ela?"
Explicação: Espero ter ajudado
No texto, o trecho “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...” produz um certo efeito de hesitação.
Já que era iminente a partida, o narrador expressa um sentimento de contraditório no trecho acima. Por um lado, o narrador desejava partir. Isso é demonstrado neste fragmento: “desejo de não passar mais nem uma hora naquela casa”.
Por outro lado, no final do texto, o narrador parece hesitar em separar-se da avó. Ele deixou escapar esse sentimento, ao dizer: “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...”.
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Bons estudos!
