A parábola da pereba
Numa pequena cidade Nordeste, havia um médico que tratava a pereba do coronel da região, homem muito rico e poderoso, mas
que se recusava a sair do seu território para buscar cuidados médicos numa cidade maior. O coronel, desde rapaz, tinha uma pereba crônica. Experimentara tudo, de pó de café a mastruço, mas nada dava jeito e, de vez em quando, aquilo doía que era um horror. Foi
quando chamaram o médico e, em poucos dias, a pereba melhorou. Mas nunca sarava de todo, precisava sempre da atenção do
médico que, com todo desvelo, passava dias na fazenda, cuidando dele até que a crise fosse controlada.
E assim se sucederam os anos, o médico sempre tratando a pereba e o coronel, gratíssimo. Mas um dia o médico teve que viajar para
resolver uns problemas em outro estado e demorou mais do que previra. Em sua ausência, recém-formado também em medicina, seu
filho resolveu aparecer para rever os pais e a terra natal. Nessa ocasião, a pereba do coronel entrou em crise outra vez e, na falta do
pai, o rapaz foi cuidar do caso. Dentro de menos de um mês, para surpresa geral, a pereba estava cicatrizada, curada definitivamente.
Quando o pai voltou, o jovem, muito orgulhoso, contou a novidade. Usara uns antibióticos e uma pomada, e a pereba do coronel
sarara de vez, um sucesso. Sempre ouvira o pai falar em como aquela pereba era renitente, como resistia a tudo e lhe apoquentava a
vida, mas, agora, um tratamento talvez mais moderno resolvera o problema.
- Céus... Que é que você está me dizendo, meu filho?
Isso que o senhor ouviu. A pereba do coronel sarou.
- Mas como é que você foi fazer uma desgraça dessas, você está maluco?
- Como desgraça? Eu pensei...
- Como é que você acha que eu sustentei a família aqui e você na faculdade, esses anos todos? O que é que eu vou fazer sem essa
pereba agora?
RIBEIRO, João Ubaldo. A pereba do coronel. Texto adaptado por João Ubaldo Ribeiro.
Assinale a única alternativa em que a frase não aborda o tema relacionado ao texto "A parábola da pereba".
a) "Não procures proveitos desonestos; os proveitos desonestos são perdas." (Hesiodo)
b) "A honestidade fingida é desonestidade dobrada." (Publílio Siro)
C) "Quem anda em integridade anda seguro, mas o que perverte os seus caminhos será conhecido." (Provérbios 10.9)
d) "O desonesto sabe pedir um favor, mas não sabe retribuir." (Dionísio Catão)
Soluções para a tarefa
Resposta:
d) "O desonesto sabe pedir um favor, mas não sabe retribuir." (Dionísio Catão).
A única alternativa em que a frase não aborda o tema relacionado ao texto "a parábola da pereba" é:
"O desonesto sabe pedir um favor, mas não sabe retribuir." - alternativa D é a correta.
Abaixo, o desenvolvimento.
A parábola da pereba
Analisando cada uma das alternativas, vê-se que a única que não tem relação direta com o texto é a D.
Isso se dá porque na alternativa A, há uma alusão aos preventos desonestos - proventos do médico que mentia e abusava da confiança de outro para sustentar a família.
O mesmo para a alternativa B, porque toca indiretamento no cinismo do médico com a expressão "honestidade fingida".
Já provérbios, em C, fala ainda da honestidade, e que quem é desonesto, pagará um preço - o famoso dito popular "a mentira tem pernas curtas": o médico pagou o preço por sua desonestidade, perdeu seu sustento que até alí tinha sido ganho de forma ilícita.
"Mas e D, não fala de desonestidade?"
Não dentro do contexto. Cita que um desonesto não retribiu favores, apenas pede. No texto não há favores, há cobrança por um serviço, desonesta, mas não deixa de ser uma prestação de serviços: um trabalho, um paga.
Portanto, D é a única alternativa que não se encaixa no contexto.
Mais sobre interpretação de textos aqui https://brainly.com.br/tarefa/27887080
#SPJ2