A paixão de Claudia é uma mobilização artística?
Soluções para a tarefa
Causou-me um enorme sentimento de fragilidade e de impotência diante do mundo a notícia do assassinato da mulher Claudia Silva Ferreira, pela Polícia Militar, aos 38 anos de idade, na cidade maravilhosa, em 16 de março deste ano enquanto à mesma comprava café e pão para alimentar sua família. Mais uma vez acidental, porém, neste caso, causado por uma seqüência de negligências e omissões do poder público em relação àquela que ele deveria servir e salvaguardar o bem estar e a vida.
Acidentes que têm locais certos para ocorrerem: os morros e as periferias. Acidentes que possuem vítimas preferenciais de balas perdidas: negras e negros. Acidentes que são parte do plano para preparação dos grandes centros urbanos brasileiros para a festa da COPA, a fim de se garantir o bem estar e a preservação das vidas dos milhares de turistas que aportarão por aqui para prestigiar os jogos.
Turistas ávidos por jogos, por bebidas, por iguarias, por música, por gente, por cultura brasileira. Essa cultura brasileira festiva e carnavalesca vendida pelas agências de turismo. Onde, dentro dos pacotes turísticos, oferecemos nosso melhor: a feijoada, o samba, o homem negro tocador de batuques, a mulher negra travestida de “mulata”. Cultura, em sua origem, tão negra quanto a “mulher arrastada”.
Causou-me uma inconfundível sensação de não pertencimento à essa sociedade brasileira, e confirmou-me o pertencimento somente à população, à população sem face das estatísticas. Nem todas as mulheres e homens negros pouco assistidos pelo Estado em suas necessidades básicas, sucumbem à tentação fácil de vestirem o traje social nos reservado. No caso das mulheres os trajes de mulatas ou funcionárias do lar, e para os homens, de malandros ou funcionários da força, como seguranças.