A NECROPOLÍTICA
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DESAFIO DE FILOSOFIA 01. A partir dos textos, quais as relações possíveis entre biopoder e necropolítica?
O próprio funcionamento dos Estados da América Latina promove em muitas ocasiões políticas da morte Secretaria Adjunta de Gestão Educacional - SAGE 4 A rtigo de Débora Diniz e Giselle Carino Brasil e Colômbia disputam a miserável primeira posição de país mais arriscado para ser um defensor de direitos humanos no mundo. Se a questão for terra ou meio ambiente, Colômbia é o país mais violento; se forem os direitos das mulheres ou população LGBT, Brasil lidera o ranking de homicídios. A fronteira entre as questões de direitos humanos é uma tentativa de classificar onde estão os temas de maior risco em cada país, porém histórias concretas de ativistas ameaçados ou mortos mostram como a fronteira é nebulosa. Yirley Velasco é campesina, sobrevivente do Massacre El Salado, na Colômbia, foi vítima de violência sexual em 2000. Sofre ameaças de morte pelo trabalho político em defesa dos direitos das mulheres em Montes de María, onde María del Pilar Hurtado foi morta na frente dos filhos. Talíria Petrone é deputada federal, amiga de Marielle Franco, vereadora assassinada por milícias no Rio de Janeiro. É voz ativa pelos direitos humanos na política nacional brasileira e vem sofrendo ameaças de morte. Como classificar as fronteiras de luta de Yirley ou Talíria? Seriam questões de terra ou questões urbanas? Lutas feministas ou lideranças comunitárias? Essas são perguntas insuficientes para compreender a complexidade da agenda de direitos humanos na atualidade, em particular na América Latina. Há um cruzamento permanente da precariedade da vida que torna alguns corpos e suas lideranças políticas mais vulneráveis ao que Achille Mbembe descreveu como a “necropolítica”: políticas de morte para o controle das populações. Mbembe se inspira em Michel Foucault, na aula final do curso “Em defesa da sociedade”, de 1976. Nela, Foucault lançou a ideia de como o racismo de Estado seria uma das táticas do biopoder e da biopolítica. Entre o poder de “fazer viver e deixar morrer”, o racismo de Estado determinaria as condições de aceitabilidade para quem vive e morre. Mbembe foi além de Foucault: mostrou como o biopoder é insuficiente para compreender as relações de inimizade e perseguição contemporâneas, pois há uma necropolítica em curso para produzir os “mundos de morte”. As duas histórias nos provocam pensar o que se passa na América Latina — ora descrevemos as mudanças políticas como onda conservadora, populista ou evangélica. Todas essas são táticas da necropolítica para estabelecer o corte entre o que “pode fazer viver e o que pode deixar morrer”. Quanto mais frágeis forem as populações, como as mulheres e as meninas negras, indígenas ou com deficiência, maior o desequilíbrio entre o poder da vida e da morte. Não é por coincidência que “feminicídio” foi vocábulo posto em circulação pelas mulheres do Sul Global, assim como ser uma ativista mulher de direitos humanos é cada dia atividade mais arriscada. As relações de inimizade, como descreve Mbembe, se movimentam pelo direito de matar, “estabelecem cortes de aceitabilidade para tirar uma vida”, instaurando os regimes de medo e precariedade. Quando o funcionamento do Estado escancara a necropolítica como regime de governo das populações, passamos a descrever a desordem como “emergência”, “conflito armado” ou “crise humanitária”. A verdade é que as táticas de exclusão e perseguição já estavam instauradas muito antes de nomeá-las pelos vocábulos do horror.
Soluções para a tarefa
Resposta:
também preciso desse ggu5rco75f guhv
Resposta:
A partir da noção de "Biopoder" e "Biopolítica" trabalhada por Michel Foucault, o artigo tem como objetivo fomentar reflexões críticas sobre outros-novos acoplamentos de saber-poder e outros-novos diagramas de força a partir das discussões que o filósofo camaronês Achille Mbembe desenvolve no ensaio chamado "Necropolítica". Pelo olhar de Achille Mbembe, as noções de biopoder/biopolítica sofrem um deslocamento saindo de análises centradas em contextos europeus para pensarmos a forma de constituição desses diagramas de poder não apenas nos contextos pós-coloniais de Áfricas, mas também nos processos de colonização e nos traços de colonialidade que ainda imperam com força nos contextos brasileiros tendo como espinha dorsal as questões raciais contemporâneas. Nesse sentido, o conceito intercessor de necropolítica e seu acoplamento na biopolítica oferecem um potencial analítico tanto epistemológico quanto metodológico para pensarmos as questões mundiais.