A minha tia Sinhazinha era uma velha de uns sessenta anos. Irmã de minha avó, ela morava há longo tempo com o seu cunhado. Casada com um dos homens mais ricos daqueles arredores, o Dr. Quincas, do Salgadinho, vivia separada do marido desde os começos do matrimônio. Era um temperamento esquisito e turbulento. Contava-se que um dia amanhecera num engenho de seu pai, amarrada a um carro de bois, com uma carta do marido fazendo voltar ao sogro a sua filha. Era ela quem tomava conta da casa do meu avô, mas com um despotismo sem entranhas. Com ela estavam as chaves da despensa, e era ela quem mandava as negras no serviço doméstico. Em tudo isso, como um tirano, meu avô, que não se casara em segundas núpcias, tinha, no entanto, esta madrasta dentro de casa. Logo que a vi pela primeira vez, com aquele rosto enrugado e aquela voz áspera, senti que qualquer coisa de ruim se aproximava de mim. Esta velha seria o tormento da minha meninice. Minha tia Maria, um anjo junto daquele demônio, não tinha poderes para resistir às suas forças e aos seus caprichos. As pobres negras e os moleques sofriam dessa criatura uma servidão dura e cruel. Ela criava sempre uma negrinha, que dormia aos pés da sua cama, para judiar, para satisfazer os seus prazeres brutais. Vivia a resmungar, a encontrar defeitos, poeira nos móveis, furtos em coisas da despensa, para pretexto das suas pancadas nas criadas da casa. As negras odiavam-na. Os meus primos fugiam dela como de um castigo. E quando ia para a casa de uma filha, na cidade, era como se um povo tivesse perdido o seu verdugo. Minha tia Maria assumia a direção da casa - e todos passavam a conhecer a mansidão e a paz de uma regência de fada. Depois que vim a saber a história de rainhas cruéis, as intrigas perversas das Ana Bolenas, acreditava em tudo, porque me lembrava da tia Sinhazinha. REGO, José Lins do. Menino de Engenho. Lisboa: Livros do Brasil e Editorial Verbo, 1971. P. 22-23.
1. O capítulo lido apresenta um narrador:
a) Onisciente intruso.
b) Testemunha.
c) Onisciente neutro.
d) Personagem.
2. Ao usar a palavra “madrasta”, o narrador cria uma figura de linguagem chamada:
a) Antítese.
b) Paradoxo.
c) Ironia ou antífrase.
d) Eufemismo.
3. No trecho em negrito, detectamos a seguinte figura de linguagem:
a) Antítese.
b) Alusão.
c) Paradoxo.
d) Metáfora.
4. Este capítulo, como todo o romance, apresenta um tempo:
a) Psicológico.
b) Cronológico.
c) Mítico.
d) Bíblico.
5. A figura de linguagem que enuncia frase, pensamento ou ideia, para afirmar o contrário do que se diz, é:
a) Paradoxo.
b) Ironia.
c) Hipérbole.
d) Metonímia.
6. A respeito da concordância verbal com sujeito simples e sujeito composto, assinale a alternativa correta:
a) Os ratos e um gato importunou meu sono ontem.
b) Enquanto Lili estudava, Jane e Lela tocavam piano.
c) As formigas – sabemos – trabalha felizes. d) A gente pobre compraram títulos de uma empresa de cosméticos.
7. A respeito da concordância atrativa, marque a alternativa incorreta:
a) Participaram da missa homens e mulheres.
b) Dorme Sérgio, João, Maria.
c) O sapo, a rã, a cobra assustam as mulheres. d) A morte, os bichos, a natureza o aplacava ali.
8. Se a concordância verbal se der com os pronomes pessoais “eu e tu”, o verbo:
a) Irá para a 2ª pessoa do singular.
b) Irá para a 3ª pessoa do plural.
c) Irá para a 1ª pessoa do plural.
d) Irá para a 3ª pessoa do singular.
9. Conforme a concordância verbal, complete corretamente a frase: “Não só Lúcia mas também toda a gente da empresa:
a) Pegaram COVID19.
b) Ganharam um computador.
c) Celebramos o aniversário.
d) Recebeu o salário.
10. A respeito da concordância com “ou, ou...”, marque a alternativa incorreta:
a) Ou Neide ou Celma coletará os dados.
b) Meus carros ou meu carro foi roubado.
c) Reclamaram os alunos ou o aluno da nota.
d) Ou um queniano ou um etíope vencerão a São Silvestre.
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
Resposta:
1R:b
2R:c
3R:nao nd em negrito
4R:a
o resto ta bugado pra mim
Explicação:
fonte:não confia
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