A metonímia é uma figura de linguagem que consiste no emprego de uma palavra por outra, mantendo-se uma relação de maior objetividade entre os dois termos. Nesse texto, a metonímia está presente em?
a)“Começou-se por dividir o assunto em partes, como quem divide um leitão.”
b)“Cada parte era examinada pelo direito e pelo avesso...”
c)“O diretor secretário abriu, de óculos fuzilantes.”
d)“O chefe da portaria, cheio de dedos, balbuciou...”
e)“Os senhores têm um jardim tão lindo na cobertura.”
Soluções para a tarefa
Resposta:
O jardim em frente
Os big tiros da empresa estavam reunidos em conferência. Assunto importante, desses que exigem atenção, objetividade. O presidente recomendara:
– Não estamos para ninguém. Esta porta fica trancada. Avisem à telefonista que não atenda nenhum chamado. Nem do Papa.
Começou-se por dividir o assunto em partes, como quem divide um leitão. Cada parte era examinada pelo direito e pelo avesso, avaliada, esquadrinhada, radiografada. Cartesianamente.
– Você aí, quer fazer o favor de parar com essa caricatura? - O presidente não admitia alienação. Por sua vez, foi advertido pelo vice:
– E você, meu caro, podia deixar de bater com esse lápis, , batida na mesa?
Estavam tensos, à véspera de uma decisão que envolveria grandes interesses. Alguém bateu à porta.
– Não respeitam! Não respeitam o trabalho da gente! Isso não é país!
– Seja ou não seja país, quando batem à porta a solução é abrir, para evitar novas batidas, ou, mesmo, que a porta venha abaixo. Pois ninguém deixa de bater, e sabe que tem gente do outro lado.
O diretor secretário abriu, de óculos fuzilantes. O chefe da portaria, cheio de dedos, balbuciou:
– Essa senhora… essa senhora aí. Veio pedir uma coisa.
O primeiro impulso do diretor secretário foi demitir imediatamente o chefe da portaria, servidor antigo, conceituadíssimo, mas viu ao mesmo tempo diante de si a imagem consternada do homem, e a lei trabalhista: duas razões de clemência. Pensou ainda em mandar a senhora àquele lugar de Roberto Carlos, ou a outro pior. Dominou-se: ela ostentava no rosto aquela marca de tristeza, que amolece até diretoria.
– A senhora me desculpe, mas estou tão ocupado.
– Eu sei, eu é que peço desculpas. Estou perturbando, mas não tinha outro jeito. Moro do outro lado da rua, no edifício em frente. Meu canário…
– Fugiu e entrou aqui no escritório? Eu mando pegar. Fique tranquila.
– Antes tivesse fugido. Morreu.
– E daí?
– Viveu quinze anos conosco. Era uma graça… pousava no dedo.
– E daí, minha senhora?
– O senhor vai estranhar meu pedido? Eu estava sem coragem de vir aqui. Por favor, não ria de mim.
– Não estou rindo. Pode falar.
– Os senhores têm um jardim tão lindo na cobertura. Da minha janela, fico apreciando. Então agora está uma coisa: posso fazer um pedido?
– Pode.
– Eu queria enterrar meu canário no seu jardim. Lá é que é lugar bom para ele descansar. O senhor vê, nós temos aquele terrenão ao lado do edifício, com três palmeiras, um pé de fruta-pão, mas é grande demais para um passarinho, falta intimidade. Se o senhor consente, eu mesma abro a covinha. Não dou o menor trabalho, não sujo nada.
O diretor secretário esqueceu que tinha pressa, que havia um problema sério a discutir. Que problema? Naquele momento, o importante, o real era um canarinho morto, e amado.
– Pois não, minha senhora, disponha do jardim. Eu mesmo vou levar a senhora lá em cima, para escolher o lugar.
Subiram, escolheram o canteiro mais apropriado, onde bate o sol pela manhã, e à tarde as plantas balançam levemente, à brisa do mar.
– Não é abuso eu fazer mais um pedido? Queria que o jardineiro não revolvesse a terra neste ponto, durante três meses. O tempo de os ossinhos dele se desfazerem… Volto daqui há meia hora para o enterro.
Meia hora depois, voltava com uma caixinha forrada de veludo azul claro, e a reunião dos big tiros, que ainda durava, foi suspensa para que todos, com o presidente muito compenetrado, assistissem ao sepultamento.
Explicação:
ai o texto, tive mudar duas palavra por que não pode publicar
É correto afirmar que no item D existe uma relação adequada entre os termos "cheio de dedos" e o real sentido da frase.
Na crônica em questão, o autor menciona que com "cheio de dedos", o chefe da portaria disse algo, ou tentou dizer (isto é, balbuciando).
No entanto, não podemos inferir que a metonímia seja uma metáfora, pois são figuras de linguagens distintas.
A metonímia é uma figura de linguagem presente nas crônicas e sua característica é a substituição de um termo por outro, de modo que entres eles haja alguma relação.
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