A Mesopotâmia e o Egito possuem características semelhantes em relação à organização econômica. Quais seriam essas características?
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RespostaO Egito e a Mesopotâmia fixaram seu lugar de relevância nos livros de História, pois os dois lugares são tidos como contemporâneos pioneiros das sociedades complexas, os primeiros grupos a se unirem para além do modelo tribal, formando um Estado, níveis de sociabilidade, hierarquias, escrita, sistemas de distribuição de água e outras inovações sociais relevantes.
Porém, mesmo ambos sendo resultado dos processos do fim do neolítico no Crescente Fértil, cada sociedade se formou a partir de suas experiências singulares e histórias específicas. Conheça 6 diferenças essenciais entre essas duas sociedades famosas.
1. O Ciclo das Águas:
Uma característica que marca ambas as sociedades é o fato de que elas nasceram em desertos cortados por rios, criando uma necessidade de canalização das vias fluviais para a irrigação para a agricultura. Porém, os ciclos dessas águas eram diferentes, fornecendo desafios distintos para cada sociedade.
No Egito, as águas do Nilo se movimentavam em compatibilidade com o ciclo dos grãos. A cheia do rio ocorria pouco tempo depois da época da colheita, inundando a margem e fertilizando o solo com a matéria orgânica do fundo. O retorno das águas ocorria pouco tempo antes da necessidade de plantio das sementes, de acordo com as melhores condições climáticas.
Enquanto isso, na Mesopotâmia a relação se inverte: antes da colheita, o rio inunda e o solo não passa pela inundação fertilizante na época do plantio.
Isso faz com que as duas sociedades desenvolvam formas diferentes de construção de aquedutos. O Egito focou na maximização das capacidades dos recursos naturais, enquanto as comunidades mesopotâmicas tiveram que investir mais em transposição de águas e fertilização do solo.
2. Relação do monarca com os deuses
ssa diferença é muito importante. É sabido que na relação dos egípcios com seus deuses, o faraó assume a posição de deus e governante em terra. Ao contrário, na mesopotâmia, por mais que o poder fosse deificado, o rei não era um deus.
Isso ocorre porque existem relações diferentes entre a cosmogonia religiosa desses grupos com a instituição política desenvolvida por eles. Para os mesopotâmios, o rei é um representante das vontades dos annunaki (deuses grandes do panteão), sendo responsável pela boa administração da ação dos homens por uma missão encarregada a ele pelos deuses.
É muito diferente do Egito, em que a linhagem dos deuses caminha em direção a uma relação genealógica direta entre o deus e o rei. Com isso, filho de um deus, o faraó é um deus também, mas que reside na terra e manda nas forças humanas que pertencem aos deuses. Segundo essa mitologia, o faraó era um descendente de sangue do faraó dos deuses Hórus, filho de Osíris, antigo senhor do mundo, além de ser protegido pelo deus Amum-Rá.
3. Unidade territorial
Outra diferença relevante aparece quando entramos no quesito da unidade do território por parte da coroa. O Egito é marcado pela unificação generalizada do território que envolve o vale do Nilo, em que o faraó, em pessoa, é dono de duas coroas (do Alto e do Baixo Egito) que o fazem mandatário de toda a região do Egito.
Enquanto isso, na Mesopotâmia, em geral, o quadro é reverso. Na maior parte do tempo, o território da mesopotâmia é composto por uma variedade de reinos e comunidades, que disputam entre si o território num sistema que lembra mais uma malha retalhada de línguas e coroas, que um império unificado como era o Egito.
É claro que essas afirmativas têm um cunho mais geral. Por três períodos (conhecidos como "períodos intermediários"), o reino unificado do Egito se dissolveu em instituições políticas mais fragmentadas. Ao mesmo tempo, a Mesopotâmia já foi palco de Impérios unificadores que expandiram por seu território, como a Acádia de Sargão, a Babilônia de Nabupolassar e a Assíria de Assurbanipal. Mas via de regra, o Egito é marcado pela unidade enquanto a Mesopotâmia pela fragmentação.
4. Tipos de escrita
Em alguns aspectos, a escrita no Egito e na Maesopotâmia são parecidas. Ambas são baseadas em um alfabeto fonético e não marcam as vogais na palavra. Porém, as particularidades de cada sistema se destacam.
No Egito, temos os famosos hieróglifos, sistema baseado em pequenos ícones associáveis a figuras da realidade e que formam seu sentido a partir da relação entre enunciação dos termos e o nome do ser que aparece como imagem. Enquanto isso, o cuneiforme mesopotâmio é composto de figuras menos delimitadas, passando por um processo de abstração das figuras e baseando a marcação da escrita em três formas de cunha (a vertical, a horizontal e a aberta).