À medida que o século chegava ao fim, agravava-se a tensão entre os comerciantes portugueses residentes em Recife e os produtores luso-brasileiros. Esse atrito assumiu a forma de uma contenda municipal entre Recife e Olinda, ou seja, entre o credor urbano e o devedor rural. Olinda era a principal cidade de Pernambuco e sediava as principais instituições locais. Lá os senhores de engenho tinham suas casas. Por outro lado, o porto de Recife, a poucos quilômetros de distância, era o principal local do embarque das exportações de açúcar da capitania.
LOPEZ, A.; MOTA, C.G. História do Brasil: uma interpretação
A tensão mencionada no texto contribuiu para desencadear a
Escolha uma:
a. Revolta de Beckman.
b. Guerra dos Emboabas.
c. Guerra dos Mascates.
d. Aclamação de Amador Bueno da Ribeira.
e. Revolta de Felipe dos Santos.
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Resposta:
guerra dos mascates
explicação:
No século XIX, o escritor José de Alencar batizou o conflito
ocorrido em Pernambuco entre 1710 e 1711, entre comerciantes do
Recife e produtores rurais de Olinda, como a “guerra dos mascates”.
Foi, portanto, a literatura do oitocentos que alcunhou o episódio, e
não a historiografia. O termo “mascaste”, que não era comum na
época do ocorrido, tinha vários sentidos e podia designar pequenos
comerciantes, ambulantes ou agiotas. Os “mascates” em questão
eram, na realidade, grandes homens de negócio que disputavam com
os latifundiários produtores de cana-de-açúcar o prestígio de serem os
“homens bons” da região. Estava em jogo poder econômico, político
e prestígio social.
Após a restauração pernambucana de 1654, a região readquiriu
importância no quadro colonial português, apesar de a cana-de-açúcar
entrar em um processo de decadência irreversível pela concorrência do
açúcar das Antilhas holandesas. Em 1709, o rei D. João V atendeu
às solicitações da elite comercial de Recife para que a região fosse
elevada à categoria de vila, desmembrando-se de Olinda e tendo
sua própria representação de Câmara Municipal. A interferência
do governador de Pernambuco, Sebastião de Castro e Caldas, nos
negócios de Olinda, favorecendo, sobremaneira, os produtores de
Olinda, criou os primeiros atritos entre os grupos locais. Os ânimos
se acirraram de tal modo em 1710, que o próprio governador foi
obrigado a procurar abrigo seguro na Bahia, visto que sua própria vida
fora colocada em risco.
A guerra teve episódios famosos, como a invasão de Recife por
milícias de Olinda, que destruíram o pelourinho local, queimaram a
carta régia que concedia o status de vila a Recife e denunciavam a
presença dos reinóis nos negócios de Pernambuco, atuando como
meros atravessadores que enriqueciam às custas dos produtores
rurais. Suspeitas de que o movimento teria um discurso sedicioso e
separatista jamais foram provadas documentalmente, o que inviabiliza
a hipótese de que o conflito teria intenções inconfidentes. O cônego D.
Manuel Álvares da Costa ocupou o governo da capitania pela vacância
de Castro e Caldas até a chegada do novo governador, Félix José
Machado, que ficaria ao lado dos comerciantes do Recife, instituindo
uma devassa e prendendo os líderes do movimento olindense, os quais
foram remetidos a Portugal. A Coroa não tomou partido por temer
uma nova desorganização da atividade açucareira e pela hostilização
que algum dos grupos poderia nutrir pela metrópole, insuflando
movimentos verdadeiramente separatistas. A postura de conciliação
da Coroa foi a tônica da metrópole durante a guerra. Evaldo Cabral
de Melo, autor de A fronda dos mozambos: nobres contra mascates,
Pernambuco, 1666-1715, é um dos maiores especialistas sobre a
história de Pernambuco no período do açúcar e critica a designação
de nativista para a guerra dos mascates, tratando-a como “a luta do
engenho contra a loja”