A MALA DE HANA
Toda semana havia uma nova restrição. Judeus não podiam frequentar o parque de diversões. Nem os campos de esporte. Nem os parques públicos. Logo, Hana não podia mais ir ao ginásio. Até mesmo o lago em que esquiavam estava proibido. Suas amigas — todas gentis — no começo também ficaram tão perplexas quanto Hana com as regras. Ainda se sentavam lado a lado na escola e aprontavam travessuras juntas dentro da classe e na hora do recreio.
— Ficaremos juntas para sempre, não importa o que aconteça — prometeu Maria, a melhor amiga de Hana. — Não vamos deixar que ninguém nos diga com quem vamos brincar!
Mas, aos poucos, conforme os meses se passavam, todas as colegas de Hana, inclusive Maria, pararam de visitá-la depois da escola e nos fins de semana. [...]
Com cada amigo perdido e a cada nova restrição, Hana e George sentiam que seu mundo ficava um pouco menor. Eles estavam bravos. Eles estavam tristes. E estavam frustrados.
— O que podemos fazer? — perguntavam aos pais. — Para onde podemos ir?
Mamãe e Papai fizeram o seu melhor para distrair as crianças, para ajudá-las a descobrir novas brincadeiras.
— Nós temos sorte — disse Mamãe —, porque temos um grande jardim. Vocês podem brincar de esconde-esconde. Podem balançar
árvores. Podem inventar jogos. Podem brincar de detetive nos depósitos. Podem explorar a passagem secreta. Adivinhar charadas. Sejam gratos um pelo outro!
Hana e George eram gratos por terem um ao outro e também por brincarem juntos. Mas isso não aliviava a tristeza de não poderem mais fazer o que faziam antes nem ir àqueles lugares onde costumavam ir. Num lindo dia de primavera quando o sol brilhava, os dois sentaram no quintal, dia dos, brincando com a grama. De repente, Hana começou a chorar.
— Não é justo! — gritou. — Eu odeio isso! Quero que tudo volte a ser como antes! Arrancou um punhado de grama e jogou as folhas no ar. Olhou para o irmão. Sabia que ele estava tão triste quanto ela.
— Espere aqui — disse ele. — Eu tenho uma ideia.
Minutos depois, George estava de volta, com um bloco de papel, uma caneta, uma garrafa vazia e uma pá.
— Pra que tudo isso? — perguntou Hana.
— Talvez, se escrevermos todas as coisas que estão acontecendo com a gente, fiquemos mais aliviados.
— Isso é bobagem — respondeu Hana. — Não vai trazer nem o parque nem a diversão de volta. E não trará Maria de volta.
Mas George insistiu. Ele era, no fim das contas, o irmão mais velho, e Hana não tinha nenhuma outra ideia. Então, nas horas seguintes, as crianças derramaram sua infelicidade no papel, George escrevendo e Hana falando. Fizeram listas das coisas que faziam falta e das coisas que os enfureciam. Fizeram listas de todas as coisas que fariam e de todos os lugares para onde iriam quando aqueles tempos terríveis acabassem.
Quando terminaram, George pegou as folhas de papel, enrolou-as num tubo, colocou-as dentro da garrafa e fechou-a com uma rolha. Então, os dois andaram até a casa, parando embaixo do balanço duplo. Ali, Hana cavou um grande buraco: seria aquele seu esconderijo da tristeza e da frustração. George colocou a garrafa dentro do buraco e Hana cobriu-a de terra. Quando acabaram, o mundo parecia um pouquinho mais claro e brilhante, pelo menos naquele dia.
2. Aos poucos, Hana e George iam perdendo os amigos. Levante hipóteses: por que as outras crianças se afastaram dos dois?
3. Apesar da situação difícil, a mãe das duas crianças dizia: “- Nós temos sorte(...) porque temos um grande jardim”.
a) Tomando como base esse comentário, como você caracteriza a mãe das crianças?
b) O que a fala da mãe faz supor a respeito de outras crianças judias?
c) O que o jardim representava para os dois irmãos?
d) Que sentimentos as duas crianças experimentavam?
4. Ponha-se no lugar das personagens e responda: Qual a importância da Hana e George “ terem um ao outro” como dizia a mãe?
5. George tem uma ideia: escrever listas.
a) Que tipos de listas as crianças escrevem?
b) Para ela, que significado tinha escrever essas listas?
6. Você já deve ter visto filmes em que as personagens lançam mensagens ao mar, acondicionadas em garrafas. Em situações assim, com que finalidade as mensagens são enviadas?
7. No texto, Hana e George acondicionaram as listas dentro de garrafas.
a) Por que as garrafas foram enterradas?
b) Na sua opinião, as crianças tinham realmente a intenção de preservar as listas? Por quê?
c) Quando as crianças escreviam, elas tinham em mente algum leitor em especial?
8. A obra da qual foi extraído o texto é baseada em fatos reais. As listas e as garrafas, afinal acabaram cumprido o seu papel? Por quê?
Soluções para a tarefa
2- Pois haviam leis que restringiam a liberdade dos judeus.
3- a) uma mãe otimista, que conseguia ver o lado bom mesmo em tempos ruins.
b) Que nem todas a outras Crianças tinham um jardim grande para brincar ou alguém com quem brincar.
c) Era como o parque de diversões para ambos.
d) Tristeza, frustração, revolta/indignação.
4- Ambos podiam se divertir juntos, realidade que se difere das outras crianças Judias solitárias
5- a) Uma lista que mostre como era os tempos antigos, o que se passa no agora (momento ruim) e o que ambos farão após os tempos ruins.
b) Que de nada adiantaria escrever se a situação não mudasse.
6 - A fim de evidenciar o que acontecia naquele tempo e a posição dos mesmos em relação ao fato.
7- a) Para que assim como a garrafa foi enterrada os tempos ruins também sejam.
b) Sim, porque os mesmos deram-se o trabalho de colocar sob proteção de um recipiente.
c) Os leitores poderiam ser as futuras gerações que não partilhariam das mesmas situações, mas que entenderiam como era naquele tempo.
8 - Sim, pois hoje temos acesso a tais documentos/informações.
2- Pois haviam leis que restringiam a liberdade dos judeus.
3- a) uma mãe otimista, que conseguia ver o lado bom mesmo em tempos ruins.
b) Que nem todas a outras Crianças tinham um jardim grande para brincar ou alguém com quem brincar.
c) Era como o parque de diversões para ambos.
d) Tristeza, frustração, revolta/indignação.
4- Ambos podiam se divertir juntos, realidade que se difere das outras crianças Judias solitárias
5- a) Uma lista que mostre como era os tempos antigos, o que se passa no agora (momento ruim) e o que ambos farão após os tempos ruins.
b) Que de nada adiantaria escrever se a situação não mudasse.
6 - A fim de evidenciar o que acontecia naquele tempo e a posição dos mesmos em relação ao fato.
7- a) Para que assim como a garrafa foi enterrada os tempos ruins também sejam.
b) Sim, porque os mesmos deram-se o trabalho de colocar sob proteção de um recipiente.
c) Os leitores poderiam ser as futuras gerações que não partilhariam das mesmas situações, mas que entenderiam como era naquele tempo.
8 - Sim, pois hoje temos acesso a tais documentos/informações.