A luz acabou,
o HD travou,
a memória sumiu,
E agora, mané?
E agora, você?
Você que se diz o maior expert,
você que se diz o melhor da Internet
você que diz que tudo é possível,
você começou, agora TERMINE!
E agora, mané?
Está sem sistema.
Está sem programa.
Está sem sinal.
Já não pode acessar.
Já não pode jogar.
Jogar já não pode.
O boot falhou,
a placa quebrou, e tudo pifou,
falhou,
corrompeu. E agora, mané?
Com o mouse na mão,
quer abrir a pasta,
não existe pasta.
Quer salvar o arquivo.
Arquivo não há mais.
Mané, e agora?
Se você reinstalasse.
Se você atualizasse.
Se você ignorasse.
A tela sempre te diz
A mesma informação:
ERRO FATAL!
Se você conseguisse
Sair desse vasto azul...
Mas o azul não morre.
É um erro inumano,
Fatal e Mortal, mané!
E agora, mané?
Sozinho sem dados,
Sem back-ups recentes
Qual “root” em missão
De matar o chefão...
A luz acabou.
A esperança também.
O que te resta, mané?
A memória se foi.
E você se pergunta: Mas o que eu te fiz?
Sem amor.
Sem amigo.
Sem comparsa.
Sem computador...
Você se deleta, mané...
Mané, pra qual bin?
Bruno de Andrade, 14 anos, da Fundação Osório. O Globo, Megazine, 21 de abril de 2009.
José
Carlos Drummond de Andrade
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio
— e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho
-do
-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
6 Voce percebeu que ha um dialogo entre os dois textos O eu lirico dos poemas e A) Pessoal em ambos os textos B)Impessoal em ambos os textos C)Pessoal no poema 1 e impessoal no poema 2 D)Pessoal no poema 2 e impessoal no poema 1
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Resposta:
impessoal em ambos os texto
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