Português, perguntado por paulohc36, 9 meses atrás

A história entre humanismo e o espiritualismo ​

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Respondido por Usuário anônimo
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No meio espírita, e sem favor nem exagero, podemos apontar Carlos Imbassahy como verdadeiro tipo de humanista. E ele o era na plenitude da expressão exata. Ocorre-nos lembrar, entre outros, Ismael Gomes Braga, que também era um espírita de cultura humana muito extensa, embora muita gente só o conhecesse através do Esperanto, de que foi, na realidade, um idealista. Mas Ismael tinha boa bagagem de humanidades.

Humanista, em suma, é aquele que, não tendo formação especializada ou não sendo propriamente um técnico, tem conhecimentos fundamentais em vários sentidos. Não se deve confundir, todavia, o vero humanista com o simples "livresco", que lê um pouco de tudo, mas sempre "por alto". Mas o mundo de hoje é dos técnicos, dos especialistas, dizem. É verdade, até certo ponto. Apesar disto, é preciso notar que a especialização muito rígida e fechada pode criar certas deformações. As pessoas que se especializam demais levam certa vantagem na vida prática, mas ficam muito limitadas, desde que não cuidem de enriquecer sua cultura através de outros campos, ainda que seja apenas por diletantismo.

Afinal, que tem tudo isso com o Espiritismo? Vamos ver. Se o título desta exposição é "Espiritismo e Humanismo", claro que devemos relacionar um assunto com o outro. E o que iremos fazer, daqui por diante. O conceito de humanismo, nos dias presentes, principalmente depois da II Guerra, tomou dimensões diferentes. Já se entende, hoje, por humanismo não apenas conhecimentos gerais, bebidos nas "belas letras", como se dizia antigamente, mas também a preocupação absorvente com o homem. A acepção atual de humanismo volta-se para o homem, antes de tudo, justamente porque o homem passou a ser, agora, o centro de todas as cogitações.

Humanismo é, portanto, a filosofia que visa ao homem, à dignidade da pessoa humana, de que tanto se fala, muitas vezes apenas teoricamente. E como considerar criteriosamente essa nova concepção à luz da Doutrina Espírita? Posta a questão em termos espíritas, devemos saber, preliminarmente, se a Doutrina ficou apenas no plano ideal ou se tem, na verdade, um conteúdo humano. Neste particular, a Doutrina Espírita é profundamente humanista. Não é exagero, é observação. Mas isto é apenas uma premissa, pois não podemos parar aqui.

Quando dizemos que o Espiritismo é uma doutrina profundamente humanista, claro que estamos vendo o conjunto, não estamos considerando apenas um aspecto, seja qual for a relevância imediata desse aspecto. Se quisermos inicialmente situar a Doutrina dentro do contexto histórico do humanismo, segundo a compreensão antiga de conhecimentos gerais, "letras clássicas" etc., encontraremos elementos que nos permitem formar uma síntese, englobando vários subsídios da cultura humana: Biologia, Psicologia, Física e assim por diante. Há umas tantas questões, por exemplo, em que a Doutrina Espírita, embora sem minúcias técnicas, leva o estudioso forçosamente a ciências pouco familiares aos conhecimentos comuns, como é o caso da Geologia e da Astronomia. O objetivo da Doutrina não é aprofundar o estudo da formação da Terra nem tampouco cogitar de mecânica celeste ou movimento dos astros, mas a tese da evolução, que é uma de suas teses fundamentais, não pode deixar de suscitar inquirições sobre as formas de vida e a sucessão das camadas geológicas, o meio físico etc. A geologia histórica, portanto, há de entrar em cogitações, pelo menos em determinado momento. A tese da pluralidade dos mundos habitados — tese básica da Doutrina — pressupõe inevitavelmente algumas noções gerais de Astronomia. Cabe aos especialistas, é óbvio, a palavra técnica, o emprego da terminologia própria, mas esses problemas podem muito bem ser apreciados no quadro dos conhecimentos gerais, no ponto em que se tornam necessários, como elementos auxiliares. É o que se dá com a Doutrina Espírita.

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