A globalização parece ser a consagração máxima do capitalismo, a sua expansão tanto no plano macro quanto no micro a níveis até então inimagináveis. Ora, desde o início da década de 70 do século XX, Deleuze e Guattari já advertiam que o capitalismo vive da carência, que a falta é constitutiva do seu sistema de produção e consumo. Mas eles não estavam se referindo à carência por necessidade, que escraviza os pobres, e sim à carência no âmbito do desejo, que move o impulso do consumidor ocidental. Como se a miséria material dos pobres correspondesse à miséria libidinal dos ricos, habilmente manipulada pelas forças do mercado.
Se isso é verdade, dada a penetração ao mesmo tempo global e molecular do capitalismo contemporâneo, faz sentido então pensar que a carência atinge agora uma dimensão gigantesca – buraco tanto maior na medida em que a crise ambiental dos anos 80 explicitou para as consciências os limites da exploração da natureza e, com eles, a insustentabilidade do crescimento econômico. Instaurou-se, assim, como que uma espécie de situação exasperante, pois no momento mesmo em que as forças do capitalismo penetravam em toda parte, suscitando novas demandas, abrindo e aprofundando carências reais e imaginárias, ficava evidente que o sistema passara a ser excludente por não poder incorporar a todos no universo dos consumidores. O que evidentemente teve grande efeito tanto nos que ficavam de fora quanto nos de dentro.
As promessas de que o desenvolvimento tecnocientífico iria permitir a inclusão progressiva de todos em uma sociedade moderna esfumaram-se e só se mantêm no ar graças ao assédio permanente que as mídias e a publicidade fazem à mente dos espectadores.
Ao fim da utopia socialista correspondeu o fim da tríade liberdade-igualdade-fraternidade, que embasava política e ideologicamente a sociedade capitalista, tornando a integração na vida econômica e a ascensão social cada vez mais problemáticas.
SANTOS, Laymert Garcia dos. Consumindo o futuro. Folha de S.Paulo, São Paulo, 27 fev. 2000. Caderno Mais!, p. 6.
O texto focaliza
Escolha uma:
a. os atritos entre a classe social carente e a consumidora, dentro do capitalismo ocidental.
b. a economia globalizada como fomentadora da conscientização social crescente no planeta.
c. o capitalismo como um sistema de produção que marginaliza e exclui cidadãos de classes sociais diversas.
d. o fosso entre ricos e pobres no âmbito da demanda dos cidadãos consumidores.
e. o nivelamento de classes sociais, dentro do capitalismo globalizado, por meio de suas carências consumistas.
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OS ATRITOS ENTRE A CLASSE SOCIAL CARENTE E A CONSUMIDORA,DENTRO DO CAPITALISMO OCIDENTAL.
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