Filosofia, perguntado por gabrielepf2261, 4 meses atrás

A geração que tudo idealiza e nada realiza
Uma reflexão que vale a pena ler

Demorei sete anos (desde que saí da casa dos meus pais) para ler o saquinho do arroz que diz
quanto tempo ele deve ficar na panela. Comi muito arroz duro fingindo estar “al dente”, muito arroz
empapado dizendo que “foi de propósito”. Na minha panela esteve por todos esses anos a prova de que
somos uma geração que compartilha sem ler, defende sem conhecer, idolatra sem porquê. Sou da
geração que sabe o que fazer, mas erra por preguiça de ler o manual de instruções ou simplesmente não
faz.
Sabemos como tornar o mundo mais justo, o planeta mais sustentável, as mulheres mais
representativas, o corpo mais saudável. Fazemos cada vez menos política na vida (e mais no Facebook),
lotamos a internet de selfies em academias e esquecemos de comentar que na última festa todos os
nossos amigos tomaram bala para curtir mais a noite. Ao contrário do que defendemos compartilhando o
post da cerveja artesanal do momento, bebemos mais e bebemos pior.
Entendemos que as bicicletas podem salvar o mundo da poluição e a nossa rotina do estresse.
Mas vamos de carro ao trabalho porque sua, porque chove, porque sim. Vimos todos os vídeos que
mostram que os fast-foods acabam com a nossa saúde – dizem até que tem minhoca na receita de uns. E
mesmo assim lotamos as filas do drive-thrru porque temos preguiça de ir até a esquina comprar pão.
Somos a geração que tem preguiça até de tirar a margarina da geladeira.
Preferimos escrever no computador, mesmo com a letra que lembra a velha Olivetti, porque aqui é
fácil de apagar. Somos uma geração que erra sem medo porque conta com a tecla apagar, com o botão
excluir. Postar é tão fácil (e apagar também) que opinamos sobre tudo sem o peso de gastar papel,
borracha, tinta ou credibilidade.
Somos aqueles que acham que empreender é simples, que todo mundo pode viver do que ama
fazer. Acreditamos que o sucesso é fruto das ideias, não do suor. Somos craques em planejamento
Canvas e medíocres em perder uma noite de sono trabalhando para realizar.
Acreditamos piamente na co-criação, no crowdfunding e no CouchSurfing. Sabemos que existe gente bem
intencionada querendo nos ajudar a crescer no mundo todo, mas ignoramos os conselhos dos nossos
pais, fechamos a janela do carro na cara do mendigo e nunca oferecemos o nosso sofá que compramos
pela internet para os filhos dos nossos amigos pularem.
Nos dedicamos a escrever declarações de amor públicas para amigos no seu aniversário que nem
lembraríamos não fosse o aviso da rede social. Não nos ligamos mais, não nos vemos mais, não nos
abraçamos mais. Não conhecemos mais a casa um do outro, o colo um do outro, temos vergonha de
chorar.
Somos a geração que se mostra feliz no Instagram e soma pageviews em sites sobre as
frustrações e expectativas de não saber lidar com o tempo, de não ter certeza sobre nada. Somos aqueles
que escondem os aplicativos de meditação numa pasta do celular porque o chefe quer mesmo é saber de
produtividade.
Sou de uma geração cheia de ideais e de ideias que vai deixar para o mundo o plano perfeito de
como ele deve funcionar. Mas não vai ter feito muita coisa porque estava com fome e não sabia como
fazer arroz.

ANÁLISE

1. A autora do texto projeta um desejo e ao longo do texto justifica esse desejo. Transcreva trechos
de texto que comprovem tal afirmação.

2. Por que os conceitos de idealizar e de realizar são tão distantes para atual geração?

3. Por que a autora muda a pessoa do discurso durante o texto?

4. Qual o sentido construído pela expressão “ao dente”?

5. Quais as consequências de se compartilhar um texto, na internet, sem lê-lo até o final?

AJUDEMM POR FAVOR PRECISO PRA ENTREGAR HOJE ANTES DAS 0:00.

Soluções para a tarefa

Respondido por kaiquebragadonasci
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Resposta:

1. A) Temos algumas opiniões do autor em "A tempestade que caiu sobre a cabeça enchapelada dos apologistas do crime nos dá alguma esperança no Brasil, mas é pequena" e "(...) eu não tenho dúvida que no grande sertão da misoginia onde esses caras brotaram há muito mais gente que pensa como eles (...)".

B) A tese do autor é que a misoginia ainda é forte no Brasil e as mulheres são injustiçadas.

C) Sim, no último parágrafo o autor faz alusão à sua tese, ao dizer, basicamente, que uma sociedade machista produz pessoas igualmente machistas.

2) Segue o trecho "A mesma em que o machismo prolifera, insidioso, na forma de um profundo e ostensivo desrespeito pelos direitos mais elementares das mulheres".

3) A palavra "ela" se refere ao termo "moça" ou "moça que eu conheço".

4) O termo "a" substituiu o termo "ela", que por sua vez, substituiu o termo "moça".

5) O termo "la" substituiu o termo "a", e consecutivamente, até chegarmos ao termo "moça".

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