A FORDLÂNDIA
No final da década de 1920, Henry Ford instalou uma plantação de borracha no Pará,
construindo uma verdadeira cidade no meio da floresta, dotada dos mais modernos
equipamentos e de condições exemplares de vida: hospital, postos de saúde, quadras de tênis,
mansões para os diretores da empresa, residências para os trabalhadores, cafeteria, farmácia.
Três mil colaboradores locais trabalhavam na chamada Fordlândia, recebendo um
salário correspondente a 50 a 150 Reais diários. Um milhão de pés de seringueira foram
plantados nas terras da floresta. De longe, Ford comandava a luta contra a selva. Tudo ia
bem.
Dois anos depois, o preço da borracha começou a cair vertiginosamente no mercado
internacional, caindo do antigo valor de um dólar e meio para 25 centavos de dólar. Apesar
disso, a Fordlândia “resplandecia”. Todos estavam confiantes no sucesso daquela cidade
industrial. As famílias da elite dirigente, na sua maioria formada por cidadãos americanos,
pareciam altamente impressionadas com a simplicidade, a humildade e a amabilidade do
trabalhador amazonense.
De repente, no meio da tranquilidade, o primeiro imprevisto. Os trabalhadores, aquela
gente mansa e humilde, viram bichos. Começam por quebrar toda cafeteria, arrasam tudo.
Era um motim. Os funcionários americanos da Ford, com suas famílias, correm de medo,
fugindo pelos cargueiros estacionados no porto. Os trabalhadores, armados de porretes, tais
como os franceses na tomada da bastilha, encaminham-se para os redutos da elite dirigente,
bradando qualquer coisa ininteligível aos ouvidos de bordo. Que é que eles gritavam com
tanta raiva? Será "abaixo Mr. Ford?” será “abaixo a Ford Motor Company?” não era nada
disso. Parecia que se tratava de um caso pessoal com o marinheiro Popeye. O que os caboclos
bradavam era: “abaixo o espinafre! Chega de espinafre!”.
O quebra-quebra durante a noite ajudou a acalmá-los. No dia seguinte, com a chegada
do destacamento militar de Belém é que se ficou sabendo do que se tratava. Os trabalhadores
estavam cheios de espinafre cozido e de comidas bem vitaminadas; nem podiam mais olhar
para espinafre. Quanto a Cornflakes, nem era bom falar. Eles queriam carne-seca e de vez em
quanto uma boa feijoada. Então um ser humano não tem direito de vez em quando a uma boa
feijoada com peixe? E não tem direito a uma bebedeirazinha de cachaça? Assim já era
demais!
QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
1) Quais os aspectos positivos e negativos do modelo de gestão adotado pela Ford na
chamada “Fordlândia” em termos do relacionamento empresa X trabalhadores?
2) Seria esse caso um exemplo das franquezas da abordagem humanística? Justifique.
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1. Os aspectos positivos e negativos do modelo de gestão adotado pela Ford na chamada “Fordlândia”, a começar pelos positivos, são a complexidade e qualidade das instalações, contando até com farmácias e entretenimento. O aspecto negativo é não considerar os desejos dos trabalhadores locais.
2. Esse caso não seria uma fraqueza da abordagem humanística e sim franqueza, pois fica claro que havia a necessidade dos diretores conhecerem a cultura local e adaptarem-se a ela, mesclando seus valores, atitudes, etc.
Abraços!
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