A festa no céu |1|
(Conto tradicional do Brasil)
Entre todas as aves, espalhou-se a notícia de uma festa no céu. Todas as aves compareceriam e
começaram a fazer inveja aos animais e outros bichos da terra incapazes de voo.
Imaginem quem foi dizer que ia também à festa... O Sapo! Logo ele, pesadão e nem sabendo dar
uma carreira, seria capaz de aparecer naquelas alturas. Pois o Sapo disse que tinha sido convidado
e que ia sem dúvida nenhuma. Os bichos só faltaram morrer de rir. Os pássaros, então, nem se fala!
O Sapo tinha seu plano. Na véspera, procurou o Urubu e deu uma prosa boa, divertindo muito o
dono da casa. Depois disse:
— Bem, camarada Urubu, quem é coxo parte cedo e eu vou indo, porque o caminho é comprido.
O Urubu respondeu:
— Você vai mesmo?
— Se vou? Até lá, sem falta!
Em vez de sair, o Sapo deu uma volta, entrou na camarinha do Urubu e, vendo a viola em cima da
cama, meteu-se dentro, encolhendo-se todo.
O Urubu, mais tarde, pegou na viola, amarrou-a a tiracolo e bateu asas para o céu, rru-rru-rru...
Chegando ao céu, o Urubu arriou a viola num canto e foi procurar as outras aves. O Sapo botou um
olho de fora e, vendo que estava sozinho, deu um pulo e ganhou a rua, todo satisfeito.
Nem queiram saber o espanto que as aves tiveram, vendo o Sapo pulando no céu! Perguntaram,
perguntaram, mas o Sapo só fazia conversa mole. A festa começou e o Sapo tomou parte de
grande. Pela madrugada, sabendo que só podia voltar do mesmo jeito da vinda, mestre Sapo foi-se
esgueirando e correu para onde o Urubu se havia hospedado. Procurou a viola e acomodou-se,
como da outra feita.
O sol saindo, acabou-se a festa e os convidados foram voando, cada um no seu destino. O Urubu
agarrou a viola e tocou-se para a Terra, rru-rru-rru...
Ia pelo meio do caminho, quando, numa curva, o Sapo mexeu-se e o Urubu, espiando para dentro
do instrumento, viu o bicho lá no escuro, todo curvado, feito uma bola.
— Ah! camarada Sapo! É assim que você vai à festa no céu? Deixe de ser confiado...!
E, naquelas lonjuras, emborcou a viola. O Sapo despencou-se para baixo que vinha zunindo. E dizia,
na queda:
— Béu-Béu! Se desta eu escapar, nunca mais bodas no céu!
E vendo as serras lá embaixo:
— Arreda pedra, senão eu te rebento!
Bateu em cima das pedras como um jenipapo, espapaçando-se todo. Ficou em pedaços. Nossa
Senhora, com pena do Sapo, juntou todos os pedaços e o Sapo voltou à vida de novo.
Por isso o Sapo tem o couro todo cheio de remendos.
(Luís Câmara Cascudo) Que tipo de narrador tem esse conto?
Soluções para a tarefa
Respondido por
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Resposta:
maria vitória a narradira
marcusgbb2009:
narradora desculpa
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