◈ A estranha passageira Stanislaw Ponte Preta –
◈ O senhor sabe? É a primeira vez que eu viajo de avião. Estou com zero
hora de voo – e riu nervosinha, coitada. Depois pediu que eu me sentasse
ao seu lado, pois me achava muito calmo e isto iria fazer-lhe bem. Lá se
ia a oportunidade de ler o romance policial que eu comprara no aeroporto,
para me distrair na viagem. Suspirei e fiz o “bacana” respondendo que
estava às suas ordens. Madama entrou no avião sobraçando um monte de
embrulhos, que segurava desajeitadamente.
◈ Gorda como era, custou a se encaixar na poltrona e a arrumar
todos aqueles pacotes. Depois não sabia como amarrar o cinto e eu tive
que realizar essa operação em sua farta cintura. Afinal estava ali pronta
para viajar.
Os outros passageiros estavam já se divertindo às minhas custas, a
zombar do meu embaraço ante as perguntas que aquela senhora me
fazia aos berros, como se estivesse em sua casa, entre pessoas
íntimas. A coisa foi ficando ridícula.
– Para que esse saquinho aqui? – foi a pergunta que fez, num tom de
voz que parecia que ela estava no Rio e eu em São Paulo.
– É para a senhora usar em caso de necessidade – respondi baixinho.
Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos
adivinharam qual foi, porque ela arregalou os olhos e exclamou:
– Uai... as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro?
Alguns passageiros riram, outros – por fineza – fingiram ignorar
o lamentável equívoco da incômoda passageira de primeira viagem. Mas
ela era um azougue (embora com tantas carnes parecesse um açougue)
e não parava de badalar.
Olhava para trás, olhava para cima, mexia na poltrona e quase levou um
tombo, quando puxou a alavanca e empurrou o encosto com força, caindo
para trás e esparramando embrulhos para todos os lados. O comandante já
esquentara os motores e a aeronave estava parada, esperando ordens para
ganhar a pista de decolagem. Percebi que minha vizinha de banco apertava
os olhos e lia qualquer coisa. Logo veio a pergunta:
– Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só para ela?
Expliquei que emergência não era ninguém, a porta é que era
de emergência, isto é, em caso de necessidade, saía-se por ela.
Madama sossegou e os outros passageiros já estavam conformados com o
término do “show”. Mesmo os que mais se divertiam com ele resolveram
abrir os jornais, revistas ou se acomodarem para tirar uma pestana durante
a viagem.
"Foi quando madama deu o último vexame. Olhou pela janela (ela pedira para ficar do lado da janela para ver a paisagem) e gritou: – Puxa vida!!! Todos olharam para ela, inclusive eu. Madama apontou para a janela e disse: – Olha lá embaixo. Eu olhei. E ela acrescentou: – Como nós estamos voando alto, moço. Olha só... o pessoal lá embaixo até parece formiga. Suspirei e lasquei: Minha senhora, aquilo são formigas mesmo. O avião ainda não levantou voo. ATIVIDADE: • 1) Após a leitura, responda se o conto está em discurso direto ou indireto ? E o por quê ?
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
Resposta:
o discurso está indireto
rodriguesdossa62:
brigadoooooooooooo
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